As sociedades de especialidades médicas possuem um papel importante quando se trata de auxiliar os médicos recém-formados e os que estão iniciando suas carreiras. Algumas instituições produzem e oferecem conteúdo on-line para ajudar o médico no momento em que ele entra no mercado de trabalho, disponibilizando conteúdos científicos atualizados, para cada área de especialização, com o intuito de auxiliar o profissional a sentir-se mais seguro para exercer a profissão.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é um exemplo de entidade com esse tipo de iniciativa, pois oferece cursos on-line por meio de uma universidade corporativa. De acordo com Eduardo Nagib, coordenador da Universidade Corporativa da SBC, os cursos contemplam desde o médico recém-formado, que deseja conseguir seu título de especialista, ao profissional já especializado, mas que precisa de atualização.
“Os cursos e aulas a distância permitem o aprendizado, a atualização e o preparo para a obtenção do título de especialista em Cardiologia”, afirma. Segundo Nagib, a SBC oferta, atualmente, dez cursos, alguns com mais de mil inscrições. Também estão disponíveis aulas com conteúdo de livre acesso. “Queremos aumentar, cada vez mais, o conteúdo da Universidade Corporativa, pois somos 14 mil sócios no Brasil inteiro.
Logo, o curso presencial é difícil para quem mora longe. Dessa forma, a gente facilita a atualização desse médico, independentemente de onde ele estiver. Ele pode acessar a aula a qualquer momento e quantas vezes quiser”, declara.
Outra iniciativa com o mesmo objetivo foi criada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), o Programa Jovem Gastro (PJG). Nelma Pereira, coordenadora da comissão responsável pelo programa, conta que a iniciativa fornece diversos conteúdos relacionados à Gastroenterologia, orientando residentes e pós-graduandos na escolha do caminho dentro da carreira.
PJG oferece aulas, cursos, casos clínicos, resumos comentados, guidelines atualizadas e os últimos consensos das doenças do aparelho digestivo. “Aqueles que tenham concluído o curso médico são elegíveis para ingressar no PJG, em especial residentes e pós-graduandos nas áreas de Clínica Geral, Gastroenterologia Clínica ou Cirúrgica, Hepatologia e Endoscopia Digestiva.
É permitido usufruir do programa por quatro anos, com extensão para mais dois, desde que o aluno comprove matrícula em especialização na área ou sua atuação em algum setor da Gastroenterologia”, explica.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) também investe na orientação dos médicos mais jovens, com a Universidade do Reumatologista. Cesar Emile Baaklin, membro da SBR, explica que a iniciativa reúne cursos on-line para promover a atualização científica e oferecer informações sobre o mercado de trabalho. Para Baaklin, o jovem médico precisa se atualizar para exercer sua atividade com competência.
A SBR conta com quase 1.200 membros, atualmente, e todos têm acesso ao conteúdo da Universidade de Reumatologista. Entre os cursos mais procurados, estão os sobre artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. “Isso acontece porque os cursos abordam doenças complexas e de difícil manejo, cujos conhecimentos são atualizados muito rapidamente”, afirma o especialista.
Reforçando o aprendizado médico
Apesar de já possuir uma formação, o jovem médico precisa exercitar o que aprendeu durante a graduação e aprimorar seus conhecimentos, ainda insuficientes para exercer plenamente a especialidade.
As sociedades de especialidades médicas acabam exercendo o papel de orientar e auxiliar esse profissional no caminho entre a sala de aula e o mundo real. Conforme Nagib, apesar de, hoje, a residência ser o fator de maior importância para o aprendizado, a queda na qualidade dos cursos de Medicina faz com que as sociedades precisem suprir uma necessidade do aprendizado.
“A gente sabe que, ao longo desses últimos anos, o ensino médico teve uma queda de qualidade, que é compensada pelos cursos e pelas residências. O papel da SBC é ampliar o conhecimento do profissional na área da Cardiologia, atualizar e preparar os profissionais para uma ótima prática”, expõe.
Para Baaklin, o número excessivo de faculdades de Medicina e a falta de uma infraestrutura adequada para formação de médicos resultam na formação de profissionais carentes de conhecimento.
“A criação de um número enorme de faculdades de Medicina, que funcionam sem uma infraestrutura adequada e sem profissionais aptos a exercer a docência, associada a uma política que considera educação e saúde como subprodutos de desenvolvimento, com baixo investimento nessas áreas, teve como consequência a formação de profissionais que não atendem às necessidades da população. A SBR, juntamente com sociedades, deve lutar pela implantação de políticas que atendam às reais necessidades da população brasileira”, afirma.
Nelma Pereira acredita que, hoje, não basta contar com o que foi aprendido na sala de aula, pois o médico precisa buscar o aperfeiçoamento, estudando sempre e adquirindo conhecimento teórico e prático. “O mercado de trabalho mudou e se impõe ao exigir um novo perfil de profissional: aquele que está em constante mutação. É fundamental para o jovem médico buscar um novo modelo de carreira que o prepare para o futuro, que já bate à porta.
O profissional disputado pelas grandes instituições de atendimento é o que consegue ser multitarefa e tem alta qualificação e especializações em um mercado em frequente mudança”, avalia.