Um grande problema enfrentado pelos médicos ao longo da carreira é lidar com a educação do paciente. Apesar de a pessoa ir presencialmente até o consultório ou clínica para o atendimento, nem sempre todas as dúvidas são sanadas no encontro, além de outros questionamentos surgirem durante o tratamento.
A consulta raramente termina quando o paciente sai pela porta, estendendo-se por telefone e, principalmente, em conversas via WhatsApp. Por isso, no intuito de reverter esse quadro, muitos profissionais têm usado as redes sociais como alternativa para acabar com o vácuo entre médico e paciente, assim como sites com detalhes sobre doenças, procedimentos clínicos e suas especialidades.
Alguns profissionais também optaram pelo Instagram para passar informação mais resumida e de forma instantânea, assim como dar detalhes da rotina. Entretanto, outros preferem o Facebook para interagir e divulgar notícias interessantes da área, mas uma outra rede social vem se tornando um canal importante para a educação do paciente: o YouTube.
Com mais de 1 bilhão de usuários ativos, o serviço de broadcast é utilizado estrategicamente por médicos para continuar o relacionamento pós-consulta, educar o paciente via vídeos informativos e reforçar a marca do próprio profissional, bem como de sua clínica ou consultório.
Prioridade na educação do paciente
Fustinoni esclarece que os vídeos são pautados com base científica, uma vez que muitas informações disseminadas são sensacionalistas e os pacientes estão cada vez mais exigentes. “Vejo um amadurecimento da internet brasileira. Todo o conteúdo disponibilizado no meu canal do YouTube é respaldado com referências científicas de qualidade para evitar informações falsas e de fontes duvidosas”, explica.
A ginecologista Laura Lucia Martins também apostou na educação do paciente via YouTube. Com cerca de 620 mil inscritos em seu canal, a médica começou a investir nessa área ainda em 2006, no extinto Orkut. Assim, a especialista participava da rede com objetivo de esclarecer dúvidas. “A iniciativa partiu de uma paciente muito querida, que criou uma comunidade para mim, e eu comecei a promover debates sobre diversos assuntos de saúde. Mais tarde, em 2008, tudo aquilo que eu escrevi acabou se tornando um site”, relembra.
Laura não parou por aí. A ginecologista criou um perfil no Instagram para produzir conteúdo e ampliar seu alcance. No entanto, por conta do limite na duração dos vídeos, a médica optou pela criação do canal no YouTube. “O canal foi fruto de todo o passado nas redes sociais. Até hoje me espanto com o sucesso dele e vejo como as pessoas estão realmente preocupadas com informações de qualidade sobre saúde fornecidas por especialistas com autoridade e não por blogueiras. Portanto, eu vejo o YouTube como a melhor ferramenta para praticar a educação do paciente, sem esquecer dos aspectos éticos”, destaca.
Atenção ao Código de Ética Médica
Também atento às normas do Código de Ética Médica (CEM), Fustinoni conta com uma assessoria jurídica para não infringir nenhuma orientação do documento. “Todos os vídeos seguem as normas do Código de Ética Médica. Nossa equipe consulta um escritório especializado nessa área e nenhuma das nossas produções sofreu qualquer tipo de sanção nesses quase cinco anos de canal”, comemora.
Laura, por sua vez, recomenda cuidado na hora de se posicionar nas redes sociais, não só no YouTube. Ela lembra que o código passou por alterações e que as atualizações devem ser seguidas para evitar problemas na justiça. “Todas as redes sociais merecem atenção em relação ao CEM. Os médicos não podem divulgar marcas ou dar diagnósticos para os pacientes pelas mídias. Isso jamais poderá ser feito”, enfatiza.
Autoridade digital
Criadora da primeira campanha de saúde íntima do Brasil, chamada Saia com Saia, a ginecologista reforça que muitas mulheres não conhecem o básico sobre o tema. O perfil do projeto já conta com mais de 55 mil seguidores no Instagram e, segundo Laura, as pessoas não tinham uma referência médica para falar a respeito do assunto. “O YouTube reforça o meu relacionamento com o paciente, esclarecendo dúvidas sobre esse e outros temas, além de me tornar uma autoridade dentro da minha área de atuação”, afirma.
Autor do e-book Calvície: é genética ou tem cura?, Lucas decidiu não só reunir as principais dúvidas e informações sobre esse tema na publicação, como criar uma landing page para fazer o cadastro dos pacientes, sendo essa uma estratégia muito usada no marketing digital atualmente. “O e-book foi pensado para condensar todos os questionamentos dos pacientes em um único material de maneira fácil e divertida”, conclui.
Números do YouTube
Comprado pelo Google em 2006, o YouTube é a principal plataforma de compartilhamento de vídeos do mundo. Veja alguns números da rede social:
- US$1,65 bilhão foi o valor que o Google pagou para comprar o YouTube.
- 1,9 bilhão de usuários ativos mensalmente.
- Mais de 1 bilhão de horas assistidas todos os dias.
- Cerca de 70% dos acessos vêm dos dispositivos móveis.
- 87% das empresas usam vídeos como estratégia de marketing.
- O YouTube está presente em 91 países e 80 idiomas.
- É o segundo maior buscador do mundo, perdendo apenas para o próprio Google.
- Em 2017, a plataforma tinha quase 100 milhões de usuários no Brasil.