Quanto tempo deve durar uma consulta? Essa é uma dúvida frequente entre médicos e pacientes e, muitas vezes, as respostas para essa pergunta podem ser diferentes. Uma consulta rápida pode trazer prejuízos tanto para quem atende como para quem recebe o atendimento. Por esse motivo, é essencial ter conhecimento sobre o que os órgãos oficiais orientam sobre o assunto.
De acordo com a portaria 3.046, do Ministério da Saúde, e a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tempo sugerido para que a consulta seja realizada de maneira adequada é de 15 minutos para a carga horária de 20 horas semanais. O Conselho Federal de Medicina (CFM), contudo, entende que a consulta deva durar o tempo necessário para que o médico realize toda a avaliação do paciente.
Apesar de a Telemedicina proporcionar uma praticidade maior no contato entre o médico e o paciente, principalmente na questão do agendamento e da consulta, o atendimento virtual segue recomendações semelhantes ao presencial em relação ao tempo de duração.
Efeitos da consulta rápida
Os pareceres 1.138/97, 24.358/97 e 29.349/97, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) declaram que o tempo reduzido de consulta pode acarretar baixa qualidade do atendimento, por eventual falta de procedimentos indispensáveis, como:
- Anamnese;
- Solicitação de exames diagnósticos;
- Prescrição e orientação da medicação.
Atenção aos detalhes
Segundo Emmanuel Fortes, terceiro vice-presidente do CFM, a consulta apressada impossibilita que o médico compreenda adequadamente o problema do paciente. “Nesses casos, a menos que se trate de um paciente que já é acompanhado por um mesmo médico há bastante tempo e que apresenta recaídas de uma mesma doença, a consulta pode ser abreviada, pois o profissional já possui o histórico daquele paciente e conhece os seus problemas”, esclarece.
Ainda assim, é recomendável que o médico preste bastante atenção nas queixas dos pacientes, pois a formulação do diagnóstico passa por diversas etapas. Uma consulta rápida faz com que muitos elementos importantes passem despercebidos.
“Só no olhar o médico pode realizar uma inspeção prévia do paciente, observando sua cor, marcha, se possui edema, entre outros fatores. Esses detalhes são aprendidos durante o curso de Medicina para avaliação preliminar propedêutica – um aprendizado fundamental para o médico”, ressalta Fortes.
Teoria e prática
Os aprendizados sobre o planejamento de uma consulta se iniciam quando o médico está no terceiro ano de faculdade. Com isso, esse profissional pode elaborar uma estratégia de investigação. A Semiologia ensina a realizar uma avaliação adequada dos sintomas do paciente para que, então, seja construída uma hipótese de diagnóstico.
Algumas especialidades realizam avaliações muito minuciosas e outras nem tanto, mas, de qualquer forma, todos os profissionais precisam fazer a avaliação de acordo com o que aprendem quando começa a parte clínica da sua formação médica. É o que recomenda o membro da diretoria do CFM.
O interrogatório sobre os sintomas dos pacientes é um procedimento que pode levar tempo. O médico deve sempre questionar o motivo da visita, o que o paciente está precisando e como pode ajudá-lo. Além disso, o profissional precisa compreender que a atenção contempla a anamnese, os exames físicos e possíveis avaliações complementares, para que, então, possa ser construída uma hipótese diagnóstica.
Saiba mais
A resolução 2.056/2013, do CFM, em seu capítulo XI, apresenta um roteiro de anamnese, exames físicos e outros registros que o médico precisa fazer no prontuário do paciente. Já a resolução 1.638/2002, em seu artigo 5º, estabelece os itens que deverão constar obrigatoriamente no prontuário eletrônico ou papel. Leia essas resoluções na íntegra, acessado os QR Codes: