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Especial Semana do Médico – Osvandré Lech

Por:

Universo DOC

- 14/10/2020

osvandré lech

Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (Sboc), da qual é membro-fundador, Osvandré Lech tem experiência acumulada e incontestável em entidades nacionais e internacionais. Palestrante de sucesso, reconhecido mundo afora, o ortopedista, que também é conselheiro editorial da Revista DOC, foi escolhido, neste ano, para presidir o International Board of Shoulder and Elbow Surgery (IBSES), tornando-se o primeiro ortopedista de um país em desenvolvimento a ocupar o cargo. Confira, abaixo, a entrevista concedida pelo médico a nossa reportagem.

Poderia contar um pouco sobre a atuação do International Board of Shoulder and Elbow Surgery (IBSES)?

Esta entidade surgiu em 1992, pela liderança do notável Charles Neer, um ícone da área. Com currículo científico e institucional incontestável, Neer anteviu que, nos anos 1990, a especialidade precisava acompanhar a economia e a diplomacia, ou seja, tornar-se globalizada. Com a cooperação de vários líderes da época (no Brasil, do prof. Arnaldo Amado Ferreira Filho, da USP), o IBSES foi criado. O objetivo da nova instituição era buscar a excelência científica e a representatividade, e não um grande número de associados. O Congresso Mundial de Cirurgia do Ombro e Cotovelo, que ocorre a cada três anos, em continentes distintos, é a atividade principal do Board.

Que tipo de atividades desempenhou como secretário do IBSES?

Iniciei minha atuação no IBSES em 2007, junto com Sérgio Checchia, de São Paulo. Ele, Adalberto Visco, de Salvador, e eu havíamos organizado o 10º Congresso Mundial naquele ano, em Sauipe. O evento foi um sucesso retumbante, com grande lucratividade para o IBSES e inserção do Brasil no competitivo cenário internacional. A seguir, passei a servir como secretário, quando fui responsável pelas atas, agenda, contato entre os membros etc. Essa atividade ocorreu em paralelo à crescente participação como palestrante em eventos internacionais.

Como é o processo de seleção para o presidente do IBSES? O que julga ter sido fundamental para a sua escolha?

O Board segue rígidos princípios desde sua fundação. A escolha do novo chairman é cercada de discrição e se baseia na opinião e no consenso do presidente e dos demais membros. Não há campanha nem candidatos. O cargo exige representatividade, liderança e reconhecida participação na história do desenvolvimento da cirurgia do ombro. Dessa forma, Charles Neer (Columbia University, Nova Iorque) indicou Robert Cofield (Mayo Clinic, EUA), que indicou Steve Copeland (Reading, Inglaterra), que indicou Louis Bigliani (Columbia University, Nova Iorque), que me indicou. Pertencer a essa sucessão de nomes dá calafrio em qualquer um que conheça o currículo desses notáveis. Foi assim que acompanhei a indicação seguida de aclamação unânime do meu nome na reunião trianual do IBSES, em Jeju, Coréia do Sul, meses atrás.

Quais são as principais frentes nas quais pretende trabalhar em seu mandato?

Precisamos de um novo site e de um formato mais racional e menos emocional na escolha da cidade-sede dos congressos mundiais. Também pretendo estruturar um calendário internacional de eventos na área do ombro e cotovelo, possibilitando que colegas do mundo inteiro tenham informação mais simplificada. Como historiador,
pretendo buscar recursos para que a história da cirurgia do ombro venha a ser contada por personagens atuais.

Qual é a importância de um brasileiro assumir esse cargo?

Mostra que a representatividade brasileira no cenário acadêmico internacional não sofreu com a impressionante fase
de desconstrução da imagem do Brasil no exterior. Temos líderes ditando normas em várias especialidades médicas e em outras áreas do conhecimento. Porém, o mais importante é o elemento facilitador de ter um representante nacional no centro de decisões. Isso será benéfico para todos os membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), entidade da qual tive a honra de ser cofundador, em 1988.

Como acredita que suas experiências nas sociedades brasileiras e internacionais podem ajudar nessa nova empreitada?

As situações institucionais se repetem. Portanto, os problemas que encontrarei serão semelhantes aos já enfrentados em minha passagem pelas sociedades de Ombro, de Mão e na própria Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot). Experiência acumulada conta muito.

Em relação à cirurgia de ombro e cotovelo, como o Brasil se situa, quando comparado à comunidade internacional?

Sob o ponto de vista da habilidade cirúrgica, estamos à frente dos demais: pelas dificuldades já conhecidas, aprendemos a dar soluções aos pacientes que são impensáveis para colegas de países desenvolvidos. Quanto à publicação internacional, melhor cartão de vista de um pesquisador, reconheço a barreira da língua, do mísero ganho pela atividade acadêmica e o espírito “colonialista” (o que vem da corte é melhor do que é produzido na colônia) ainda reinante. Todos esses fatores nos impedem de ocupar uma posição melhor no cenário internacional. Na cirurgia do ombro, porém, temos uma representatividade forte. Já somos um dos “endereços” da especialidade no cenário mundial. Esforço de muitos, de várias gerações.

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