Não é incomum que alguns pacientes tenham dificuldade para compreender a prescrição de medicamentos no receituário médico. Essa situação é dificultada ainda mais pelo clássico relato da ilegibilidade da caligrafia de alguns profissionais na área da Saúde.
Erros como medicação incorreta, posologia e duração de tratamento inadequadas e uso de abreviaturas consideradas perigosas podem prejudicar o tratamento e os resultados terapêuticos. O uso de abreviaturas perigosas e descrições inadequadas de dose foi um dos primeiros itens relacionados à segurança do medicamento destacados pelo Institute for Safe Medication Practices (ISMP), há mais de 25 anos.
O artigo 11 do Código de Ética de Médica define que é vedado ao médico “receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos”.
Além disso, a legislação federal, no Decreto nº 20.931, de 1932, também contempla o assunto. O artigo 15 determina que é dever do médico “escrever as receitas por extenso, legivelmente, em vernáculo, nelas indicando o uso interno ou externo dos medicamentos, o nome e a residência do doente, bem como a própria residência ou consultório”.
Confira a seguir alguns exemplos:
Como o uso de abreviaturas é uma prática antiga e comum entre os profissionais, esses indivíduos já estão habituados a isso ao preencher um receituário. Contudo, trata-se de uma causa evitável dos erros de medicações. Para evitar essas situações e, consequentemente, a segurança do paciente, a prescrição eletrônica ou informatizada é bastante útil.
A informatização acaba com o problema da ilegibilidade e pode ser a solução para o problema da confusão entre nomes de medicamentos de grafia semelhante. Entretanto, a utilização de abreviaturas perigosas e de descrições inadequadas de dose pode continuar. Nesse caso, é necessário analisar quais abreviaturas podem ser mal compreendidas pelo paciente e evitá-las.
O método de prescrição eletrônica pode ser considerado mais seguro por garantir maior legibilidade e padronização de parâmetros que auxiliam consideravelmente a equipe multidisciplinar. Mesmo que o método eletrônico de prescrição otimize e facilite o processo, a possibilidade de erros pode permanecer. Por isso, deve-se manter a atenção e utilizar medidas que garantam a segurança do paciente, considerando que os erros de medicação representam um potencial risco à saúde da população, bem como um prejuízo econômico significativo ao sistema de saúde.