O ano de 2020 terminou de forma atípica por causa da covid-19, que alcançou todos os países e classes sociais, desde ricos aos extremamente pobres. Com isso, uma grande atipia e anormalidade se estabeleceu, devendo manter-se por alguns anos. A questão para 2021 tem como perspectiva a retomada do controle pela vacina, mas com questionamentos de acesso e a gradual retomada da economia.
Os setores privado e suplementar de saúde
No Brasil, assim como no mundo, o setor que terá grande impacto será o da saúde, com previsão de aumento de custos operacionais na ordem de 11,5%, de acordo com consultorias da área. Tal fato provocará uma inflação nos preços dos serviços médicos e hospitalares e, por consequência, impacto nos planos de saúde. Portanto, será necessário um maior controle pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Ministério da Saúde (MS). Ou seja, haverá muito por fazer em 2021.
Com a elevação desses custos, certamente o setor se reinventará , como já vem fazendo nesse período de pandemia. Entretanto, agora com mais assertividade na organização e nos controles internos, onde custos assistenciais deverão ser o foco da gestão.
Indubitavelmente, devido à baixa utilização dos serviços de saúde durante a pandemia, com restrições para cirurgias eletivas e aumento dos insumos básicos, o setor privado de hospitais terá uma redução em seus resultados financeiros, com retração da Ebitda e desvalorização do Valuation.
Por outro lado, com a contenção de gastos assistenciais das operadoras nesse período e com a previsão de aumento em torno de 35% nas mensalidades, os resultados, que foram excelentes em 2020, tendem a crescer, com reflexos diretos na Ebitda e no Valuation dessas organizações – consequentemente, no mercado em geral.
Com esse cenário, decerto as operadoras terão aguçada a percepção de realizar aquisições, incorporações e fusões de hospitais, aumentando os seus próprios recursos hospitalares e de diagnóstico, seja pela aquisição, seja pela implantação de novas unidades próprias. Para quem tiver interesse em vender e quem tiver capacidade de compra, esse é o momento de grandes decisões.
Oportunidades
Todo esse cenário de dificuldade para alguns será também oportunidade para outros, especialmente para operadoras de baixo custo, operadoras de redes de serviços de saúde, grandes redes que terão maior capacidade de compra de ativos e maior poder de gestão, com ampliação de redes, incorporação de recursos hospitalares próprios e de grandes centros de diagnósticos, e poderão aplicar o conceito de “fazer em casa”.
A gestão hospitalar deverá rapidamente integrar a gestão administrativa/financeira com a gestão de governança clínica. Dessa forma, ampliando o poder dos gestores do negócio e, com isso, os profissionais mais bem preparados estarão no topo desse modelo.
As empresas de gestão de custos em saúde terão uma enorme oportunidade de contribuir com uma gestão enxuta, controle dos custos, redução de despesas e eliminação dos chamados custos supérfluos que teimosamente se agregam.
O setor de informática em saúde terá oportunidade de desenvolver programas e sistemas integrados e com maior eficácia gerencial, especialmente pelos modelos de command center. As redes serão geridas de forma integrada, com redução de custos e velocidade na operacionalização.
O controle social e a pressão sobre as agências reguladoras serão maiores e mais contundentes, e o controle sobre evasões e fraudes será mais acentuado.
O mercado assimilará rapidamente e de forma acentuada a questão de formação de redes com fusões, incorporações e desenvolvimento de novos negócios inovadores na saúde. E certamente os pequenos grupos terão mais dificuldade para se manter no mercado. A situação agora é comprar ou vender para não desaparecer.
O momento e o futuro bem próximo urgem por medidas altamente profissionais no setor.