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O legado que fica após a presidência da sociedade médica

Por:

Bruno Aires

- 06/12/2022

Quando a gestão chega ao fim, qual é o legado que a diretoria deixa para os seus associados? Dois presidentes de sociedades médicas nos contam a seguir

As diretorias das sociedades médicas ficam à frente das instituições por períodos que podem variar de um a cinco anos, dependendo do que determina o estatuto da entidade.

Nesse período, o presidente realiza ações que impactam a vida dos associados e a especialidade como um todo. Quando a gestão está para chegar ao fim, como os dirigentes podem garantir que o seu legado será lembrado e terá continuidade?

Para Bruno Naves, que presidiu a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) entre 2020 e 2021, o legado nas sociedades médicas permanecem quando a diretoria realiza ações que promovam a visibilidade da sociedade.

“O presidente e a sua diretoria não têm que fazer propaganda. Eles têm que fazer ações. A visibilidade vem naturalmente quando fazemos um serviço em prol do associado e, principalmente, em prol da população. A repercussão vem no consultório do associado”, afirma.

Desafios dos novos tempos

Durante sua gestão, Naves enfrentou os desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Sem os encontros presenciais, a SBACV precisou fazer suas reuniões científicas, congressos e até a aplicação da prova de títulos de modo on-line, algo inédito até então.

“A pandemia foi um fator desencadeante para a gente se reinventar. As reuniões passaram a ser on-line e o surpreendente foi que a participação foi muito maior. Antes, as reuniões regionais tinham 30 ou 40 pessoas. Passaram a ter 200 a 400”, revela.

Com maior participação dos associados, a sociedade passou a investir mais na educação continuada dos associados, algo que já era desejado, mas fica sempre para depois.

“A pandemia foi apenas a gota d’água para que a educação continuada acontecesse de verdade. O maior desafio da minha gestão, sem dúvida, foi realizar a prova de título de especialista de maneira virtual. Porque isso nunca havia sido feito. O sucesso da iniciativa foi tanto que se repetiu nos anos seguintes”, destaca Naves.

Como seu principal legado, o ex-presidente da SBACV destaca o lançamento da campanha Agosto Azul Vermelho, nos mesmos moldes do já tradicional Outubro Rosa. Segundo ele, a ação faz a Angiologia e a Cirurgia Vascular serem mais conhecidas e promove a prevenção de doenças vasculares.

“É um legado que fica para sempre. Aos poucos, as pessoas vão conhecendo melhor a nossa especialidade e também as formas de prevenir doenças vasculares, que são comuns e às vezes pouco conhecidas”, conta.

Futuro e integração

Preparar o futuro das próximas gerações de associados pode ser um dos mais importantes legados que uma diretoria pode deixar ao terminar sua gestão em uma sociedade médica. Foi com esse pensamento que André Maranhão esteve à frente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – regional Rio de Janeiro (SBCP-RJ) de 2019 a 2020.

“Um dos legados da minha gestão foi a valorização do treinamento dos médicos residentes, com a administração dinâmica do curso integrado de formação presencial, engajando os chefes de serviço regionais.
Outro legado foi a administração mais moderna da sociedade, focando na captação de recursos e nos investimentos em serviços para os associados, com marketing estratégico e diferenciado”, ressalta.

Maranhão destaca, ainda, que um desafio da sua gestão foi valorizar os eventos científicos regionais. Por isso, foram realizadas associações com grandes simpósios internacionais tradicionais bem estabelecidos, o que elevou o padrão científico das jornadas da SBCP-RJ e proporcionou uma grande troca de experiências.
Outra questão enfrentada pela diretoria foi o combate à invasão da especialidade por não médicos.

De maneira geral, Maranhão destaca que uma boa gestão deve pensar no futuro, sem esquecer o passado.

“Qualquer diretoria de especialidade deve se basear nos erros e acertos das gestões anteriores para evitar a repetição de equívocos e focar na busca de novos acertos. Além disso, é preciso preparar as futuras diretorias.
As sociedades precisam ser tratadas como grandes empresas, com estratégia de longo prazo, onde a sucessão é apenas uma passagem em um caminho profícuo”, avalia.


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