Rodízio de cidades, infraestrutura e logística são alguns dos itens considerados na escolha da cidade-sede. Muitas vezes, a decisão passa por uma votação democrática dos dirigentes da associação

Anualmente, vários eventos médicos acontecem em todo mundo, reunindo milhares de profissionais em busca de atualização, educação continuada e troca de experiências (o chamado networking). Para as diretorias das sociedades médicas, grandes eventos podem se tornar um desafio, desde a escolha da cidade-sede até a definição da programação científica. Hoje, as sociedades levam em consideração vários itens para definir o local do congresso.

O primeiro desses itens é a democracia. A maioria das entidades médicas escolhe a cidade-sede por meio de uma votação. Na Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a escolha é feita por meio de votação dos seus conselheiros. “Além disso, existe uma comissão já estabelecida que visita a cidade escolhida para verificar se a mesma apresenta condições de sediar o congresso”, explica Mauro Yoshiaki Enokihara, presidente da SBD.

Outro item que pode ser considerado na escolha é a diversidade. Nesse sentido, muitas vezes, as sociedades optam por levar o congresso, a cada nova edição, para um local ou região diferente do país. “Costuma ocorrer um rodízio entre as cidades-sedes, a fim de que todo o território nacional possa ser contemplado, desde que, claro, sejam comprovadas condições para sediar o congresso”, explica Enokihara.

Realizado todo ano, o Congresso Brasileiro de Dermatologia promove um rodízio entre as cidades-sedes. Nos últimos dez anos, o evento já esteve em quatro das cinco regiões do país:

• Sudeste: em quatro ocasiões – em São Paulo, em 2015 e 2022, e no Rio de Janeiro, em 2012 e 2019;
• Sul: em duas ocasiões – em Porto Alegre (RS) em 2016 e em Curitiba (PR) em 2018. O congresso de 2023 será nessa região – em Florianópolis (SC);
• Nordeste: em duas ocasiões – em Recife (PE) em 2014 e em Salvador (BA) em 2017;
• Centro-Oeste: em Brasília (DF), em 2013. 

Por conta da pandemia de Covid-19, o evento não foi realizado em 2020 nem em 2021.

A logística também é um fator considerado na escolha da cidade-sede. Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR), Carlos Soeiro, em grandes eventos, a facilidade logística reduz custos desnecessários com o transporte de materiais para o congresso. Ao optar por uma cidade com infraestrutura para um evento desse porte, pode-se investir até mais no próprio evento. “Para um congresso do tamanho do nosso, atualmente, as melhores opções estão em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília”, revela.

Soeiro, no entanto, ressalta que na ABCCR o processo de escolha é um pouco diferente do que acontece em outras sociedades. “A princípio, tentamos fazer na cidade que o presidente deseja, o que nem sempre é possível devido às instalações do centro de convenções local. De imediato, o centro de convenções precisa cumprir os requisitos básicos do evento, ou seja, permitir que o fluxograma definido para os congressistas seja cumprido, de forma a também satisfazer as empresas patrocinadoras”, explica.