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Ações sociais e o bem que elas fazem às sociedades médicas

Por:

Bruno Aires

- 31/01/2023

Ações sociais e o bem que elas fazem às sociedades médicas
Ações sociais e o bem que elas fazem às sociedades médicas

Investir em ações sociais, aproximando os profissionais da Saúde da população, pode ser uma importante iniciativa das entidades médicas. Conheça uma dessas ações bem-sucedidas, realizada na Bahia.

Ações sociais vêm ganhando cada vez mais força entre as sociedades médicas. A principal vantagem de a entidade investir nesse tipo de atividade é a proximidade que ela gera entre os médicos associados e a população. Com isso, a imagem da sociedade passa a ficar mais presente no dia a dia de pacientes e os médicos encontram apoio na entidade que os representam.

“O objetivo da associação médica, em sua essência, é ser uma sociedade para a sociedade. Ou seja, uma instituição que trabalhe para a população. Por isso, é importante que a entidade médica caminhe para estabelecer iniciativas, novas condutas e novos ensinamentos para os seus associados e para os pacientes”, conceitua o endocrinologista Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

Segundo ele, a função social das associações médicas ganha um espaço cada vez maior porque as sociedades têm se aproximado da população leiga.

“A SBD, por exemplo, é a primeira sociedade médica a incluir um núcleo de pacientes nos seus congressos. Temos uma parte da programação do evento voltada para a sociedade que representa os pacientes com diabetes e seus familiares. Essa interação de especialistas e leigos é fundamental”, defende.

Há quase 20 anos

Uma das ações sociais que a SBD e outras entidades médicas apoiam começou na cidade de Itabuna, no sul da Bahia, há quase duas décadas: o Mutirão do Diabetes.
A ideia partiu do oftalmologista Rafael Andrade em 2004 e tomou uma proporção que nem ele mesmo esperava. Depois de participar como voluntário em alguns mutirões promovidos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) enquanto fazia seu doutorado na capital paulista, Andrade decidiu replicar o modelo na sua cidade ao voltar à Bahia.

“Percebi que os pacientes chegavam muito tarde à consulta, quando não havia mais como prevenir a cegueira. Pensei: por que não fazer um mutirão aqui? Foi então que treinei o pessoal do hospital em que eu trabalho, chamei colegas oftalmologistas de outros estados, mais acostumados com mutirões, e fizemos a primeira edição do evento, em 2004. Atendemos 199 pacientes, só examinando fundo de olho e fazendo laser na retina daqueles que precisavam”, relembra o médico.

O que de início seria apenas o Mutirão do Olho Diabético acabou sendo algo ainda maior já nos anos seguintes.

“Um ano depois da primeira edição, já atendemos o triplo de pacientes – foram quase 600. Em 2006, crescemos envolvendo a Angiologia, para promover a prevenção do pé diabético além da cegueira. No ano seguinte, expandimos ainda mais, com a Nefrologia. O projeto, então, passou a incluir o olho, o pé e o rim do paciente”, conta Andrade.

Coincidentemente, o Mutirão do Diabetes em Itabuna nasceu em novembro de 2004. Quando em 2009 foram institucionalizados o Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro) e o Novembro Azul, como mês de prevenção do diabetes e de suas complicações, a iniciativa baiana já acontecia.

Ao longo dos anos, a ação social saiu do hospital e tomou a praça da cidade, contando com o apoio do Poder Público e de várias sociedades. Além da SBD, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) e a Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes (Fenad) também apoiam a iniciativa.

“É realmente um projeto grande e estruturado. Virou algo gigante e que vem estimulando outras iniciativas a seguirem o exemplo. Por causa do tamanho que ficou, precisávamos ser profissionais e criamos em 2016 uma ONG, a Unidos pelo Diabetes, a qual sou presidente. Começamos em sete cidades há oito anos e hoje já estamos em mais de 40. São realizados eventos no país inteiro, inspirados no nosso modelo”, comemora o oftalmologista.

Novos rumos com a pandemia

Com a pandemia de Covid-19, em 2020, o Mutirão do Diabetes passou por uma reformulação, agregando o atendimento por Telemedicina. Mesmo no primeiro ano de pandemia, o evento não deixou de acontecer presencialmente, pois todas as medidas de segurança foram tomadas.

Rafael Andrade conta que as dificuldades fizeram com que outra iniciativa bem-sucedida fosse criada, em parceria com o CBO: o 24 horas pelo diabetes. Nas palavras de Andrade, um “mutirão digital pela prevenção do diabetes”.

“Quando o médico vai para fora do consultório, você consegue promover uma transformação social. Hoje, temos uma Medicina muito boa, mas que muita gente não tem acesso. Com um mutirão desses, com o apoio das sociedades, mostramos a força do médico brasileiro e a importância dele em também tentar resolver os problemas do país. Se a gente realmente se mobilizar, podemos ser de fato uma força social, importante e estratégica”, defende o endocrinologista.

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