Produzir conteúdo para a internet, em especial para as redes sociais, vem abrindo novos caminhos para os profissionais da Saúde. Muitos vêm se consolidando como médicos e conteudistas
Imagine você se dividir entre o atendimento de seus pacientes em seu consultório e a produção de conteúdos para a internet. Há cerca de 20 anos, essa era uma rotina que a maioria dos médicos não poderia imaginar para si mesmos.
Hoje, no entanto, a agenda de muitos médicos vem se dividindo entre duas carreiras e muitos deles podem afirmar: “eu sou médico e conteudista”. Dedicação e persistência são itens fundamentais para quem decide trilhar esse caminho.
A dermatologista carioca Flaviane Farias é uma das profissionais que podem se apresentar como médica e conteudista. Isso porque ela se dedica a produzir conteúdos no universo digital com o foco, principalmente, na educação do seu paciente.
“Para se inserir no mundo digital, o médico precisa entender que isso é algo que exige tempo de trabalho. Não é um hobby. É preciso ter disciplina e planejamento para ter uma boa inserção digital. Não é preciso postar todos os dias, mas, sim, se fazer presente”, afirma.
Além da Dermatologia, Flaviane também se especializou em Medicina Estética e Longevidade, fazendo mestrado em Envelhecimento na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Braga (Portugal). Segundo ela, o mais importante para a produção de conteúdos nas redes sociais, hoje, é as pessoas entenderem qual é o seu objetivo profissional.
“O que vendo para as pessoas é qualidade de vida. Por isso, para mim, as redes sociais são uma vitrine organizada do que faço”, explica.
Mais de uma década de história
Ser conteudista atualmente é algo frequente, não apenas na Medicina como em outras áreas do mercado. Não à toa, surgiu a profissão de influenciador digital. Só que, para muitos médicos, essa história vem de longa data. A dermatologista Flaviane Farias revela que há cerca de 12 anos começou a atuar nas redes sociais, primeiro pelo Facebook. Já investiu no Twitter e, hoje, mantém um perfil ativo no Instagram e outro no LinkedIn e um canal no YouTube.
“Comecei no Facebook porque vi ali uma forma mais econômica de me sentir inserida nas redes sociais, mostrando o meu trabalho, o endereço do consultório, os tratamentos que realizo, minha formação e meu currículo. Acabou se tornando uma forma de organizar a minha linha profissional. Hoje, vejo as redes sociais como uma forma de o paciente nos conhecer e nos reconhecer”, acredita a dermatologista.
Além das redes sociais, Flaviane ressalta que é importante o profissional médico e conteudista pensar em outras formas de se comunicar com o seu paciente.
“Também é preciso ter um bom site ou manter um blog, escrevendo matérias com temas atuais. O WhatsApp pode ser igualmente importante, porque hoje ele é uma rede de comunicação em que o médico pode levar informação de qualidade para o paciente”, afirma.
Educação é a palavra-chave
Para quem já atua como médico e conteudista, a educação do paciente é vista como o principal caminho para o sucesso. Além de não ter problemas com os preceitos éticos da profissão – determinados no Código de Ética Médica – o profissional que investe em educação consegue se aproximar mais do seu público-alvo, falando sobre temas de interesse de pessoas que podem nem ser seus pacientes ainda, mas, porventura, podem até procurar por seu atendimento no futuro.
“Na minha área, a educação do paciente por meio da produção de conteúdo fica evidente quando mostro como é possível envelhecer com saúde e qualidade de vida, sem tomar medicamentos fortes. Hoje, o médico pode passar informação ao paciente com base na sua experiência, na sua formação, no que aprendeu em cursos ou vivenciou em congressos. Com isso, buscando sempre o que há de mais novo e atual, ele consegue um contato mais direto com o paciente pelas redes sociais”, orienta Flaviane Farias.
Experiente quando o assunto é a comunicação com o paciente, a dermatologista revela que há um retorno satisfatório em investir na produção de conteúdo para a internet.
“Venho da época em que se investia muito em assessoria de imprensa, antes da Era Digital, para se conseguir mostrar ao público quem você era. O custo era muito alto. Com a disrupção tecnológica, consigo falar diretamente ao meu público. Sem as redes sociais, eu não conseguiria sedimentar a minha marca como faço hoje”, destaca.
Como ser médico e conteudista?
- Dedique-se à produção de conteúdo: assim como você atende os pacientes, treina sua secretária e organiza seu consultório, reserve um espaço na agenda para produzir conteúdo.
- Pense em como educar: ao promover a educação, você se mantém dentro dos preceitos éticos da profissão e tem mais chances de falar diretamente ao seu paciente (atual e potencial).
- Seja um exemplo: lembre-se que você, muitas vezes, usa sua imagem nas redes sociais. Se você deseja que o paciente entenda a importância da vida saudável, mostre que segue esses preceitos no dia a dia.
- Preserve sua imagem como médico: mostre ao público como é importante você estar nas redes sociais, difundindo conhecimento. Evite expor questões pessoais e íntimas, colocando-se sempre como um profissional e educador médico.
- Construa uma marca forte: o nome, a formação e a experiência do médico constroem a sua marca. Valorize o que você tem de diferencial ao produzir conteúdo especializado e tecnicamente correto.
- Conte com um especialista: ao se tornar conteudista, o médico não precisa fazer tudo sozinho. É importante ter um profissional de Comunicação ou Marketing para ajudá-lo a organizar ideias, planejar postagens e adaptar o conteúdo técnico para a linguagem mais popular da internet.
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