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Médico também adoece: como lidar com o Burnout?

Por:

Mariana Tavares

- 29/05/2023

Atualizado: Mariana Tavares

Médico também adoece: como lidar com o Burnout?
Médico também adoece: como lidar com o Burnout?

Profissionais da Saúde precisam encarar diversas situações emergenciais e, por vezes, estressantes. Muitos trabalham 50 a 60 horas por semana, além dos plantões de 24 horas ou mais. A carga emocional do trabalho também é um fator que contribui para o estresse, já que médicos estão constantemente lidando com sofrimento, com o medo, com falhas e com a morte. Nesse cenário, surge o risco do adoecimento médico.

Em diversos momentos, é comum que o médico se identifique com seus pacientes – ou mesmo com colegas –, sentindo-se incapaz e sem forças de buscar a cura para o seu problema. Talvez isso aconteça por ele estar fixado ao processo de negação tão característico do momento inicial da descoberta de uma doença terminal ou de um fato irrecuperável, que foge do nosso controle.

De acordo com o endocrinologista Rafael Reinehr, o processo acontece da seguinte forma: inicialmente, há um choque. As pessoas tentam evitar o que lhes afronta. Daí vem a culpa, seguida da frustração, da ansiedade e da irritação. Depois, há o sentimento de vergonha, a falta de energia e a sensação de que nada pode ajudar. Por fim, vêm um início de diálogo, a busca de apoio externo e a luta para encontrar sentido no que está acontecendo.

Síndrome de burnout e sua incidência em profissionais da Saúde

Uma das enfermidades mais comuns entre médicos é a síndrome de burnout, caracterizada por um distúrbio emocional. Como um produto do burnout não identificado ou não tratado, temos um quadro de depressão. Vale ressaltar que, para um melhor diagnóstico, se faz necessário buscar a ajuda de psicólogos e psiquiatras.

De acordo com uma pesquisa do Archives of Internal Medicine, os médicos sofrem mais com burnout do que qualquer outra profissão. Além disso, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), em uma pesquisa realizada com 7,7 mil profissionais de todos os estados, 23,1% dos médicos apresentam alto grau de burnout.

Sintomas do burnout

Esgotamento físico: muitas vezes externado como uma falta de interesse pelas tarefas cotidianas do trabalho, além da falta de prazer na realização das tarefas.

Problemas de autoestima: geralmente acompanham as situações de burnout, posto que o profissional frequentemente acha que a sua produção de trabalho está insuficiente para o que deveria apresentar.

Diminuição de concentração: revelada por esquecimentos discretos que geralmente não aconteciam e falhas em execução de tarefas que, da mesma forma, não eram frequentes.

Estresse secundário ao excesso de trabalho e de responsabilidade: traduzido com frequência por irritabilidade, insatisfação e dificuldade em se posicionar de forma segura nas decisões do trabalho.

Segundo a cardiologista Pamela Borges, a pesquisa Saúde mental do médico, realizado pelo Research Center, mostrou que a classe médica não se utiliza de fatores protetores para uma preservação da saúde mental, resultando em um desfecho perigoso, como aumento do consumo de drogas, de depressão e de síndrome de burnout. Além disso, a pesquisa aponta os médicos generalistas como os mais afetados, por conta de uma carga hospitalar maior com os plantões.

“Nós, médicos, precisamos entender que a nossa missão e a nossa responsabilidade são, sim, enormes, porém nosso compromisso com a nossa saúde física, mental e familiar precisa de atenção e de tanto cuidado quanto temos com os nossos pacientes. É preciso praticar de forma saudável a Medicina”, afirma Pamela.,

Portanto, algumas ferramentas consideradas protetoras da saúde mental dos médicos podem ajudá-lo a encarar o problema, tais como:

Crie uma rotina de sono (ou seja, um sono reparador);

Priorize momentos de lazer (isso inclui estar com a família e amigos, tirar férias e sair para viajar);

Pratique atividades físicas regularmente;

Tenha uma prática de meditação;

Aumente sua espiritualidade.

As práticas citadas auxiliam no combate ao burnout, mas, sozinhas, não são o suficiente. É preciso que o médico entenda seus limites e se adapte a eles. Por isso, tente ajustar suas cargas horárias e seu cotidiano de forma que a qualidade de vida esteja sempre em primeiro lugar.