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Os desafios dos médicos da Geração Y

Por:

Roberto Caligari

- 28/06/2023

Quem são os médicos da geração y

O termo Geração Y surgiu nos Estados Unidos para designar as pessoas nascidas entre o início dos anos de 1980 e meados dos anos de 1990 (adultos com 27 a 40 anos, aproximadamente). Popularmente conhecido como millennials (ou geração do milênio), esse grupo cresceu praticamente ao mesmo tempo em que a computação pessoal e os dispositivos eletrônicos foram inseridos na rotina da população. É também a geração que cresceu vendo o mundo passar por diversas transformações, com a expansão da comunicação em tempo real e em qualquer parte do planeta, além de diversos outros avanços tecnológicos surpreendentes, inclusive na Medicina.

Dos mais de 500 mil médicos existentes no país, mais de 120 mil deles fazem parte da Geração Y, de acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2023. Durante sua trajetória, os médicos millennials estão sujeitos a inúmeros obstáculos em suas carreiras. Destacaremos a seguir três desafios que os profissionais dessa geração podem enfrentar: manter-se atualizado perante os médicos mais novos, a falta de motivação e de preparo para continuar atuando em um mercado em transição e a dificuldade de empreender no Brasil.

Como se manter atualizado?

Conforme aponta o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil é sede de 342 instituições de ensino médico e, somente no ano passado, o país recebeu uma média de 10,4 recém-formados para cada grupo de 100 mil habitantes. A nova geração de diplomados cresceu em uma época em que a tecnologia já era realidade. Os médicos mais novos acompanham e se adaptam melhor às constantes e rápidas transformações tecnológicas.

Em sua maioria, essa nova leva de médicos pertence à Geração Z, cujos indivíduos são também chamados de “nativos digitais”, pois nasceram quando a tecnologia já era realidade no cotidiano. A forma como consomem as informações acompanha a tendência do uso das inovações tecnológicas, com material atualizado quase em tempo real, via smartphones, tablets e outros gadgets, além da forte presença nas redes sociais e do consumo massivo de conteúdo audiovisual.

Além disso, os nativos digitais preferem conteúdo audiovisual, por vezes fragmentado em formato de pílulas ou drops, com informações em vídeos ou em áudios mais curtos do que uma aula de duas ou três horas de duração, por exemplo.

A grande quantidade de conteúdo on-line, como pesquisas científicas e revistas digitais especializadas, assim como o alto volume de informações nas redes sociais contribuíram com que os médicos da Geração Z tivessem uma formação acadêmica com uma facilidade de acesso maior a conteúdos técnicos. Acompanhar esse ritmo é um dos desafios dos médicos da Geração Y.

Quem são os médicos da geração y

Um profissional atualizado atrai a confiança dos pacientes e se torna referência para os demais colegas de profissão. Para se manter sempre a par das novidades na Medicina, principalmente em relação a novos procedimentos, técnicas, práticas e equipamentos, é importante continuar estudando, pois o conhecimento se renova constantemente. Uma das formas de estar sempre atualizado é investir em educação continuada.

Após a faculdade, o médico pode continuar a se desenvolver em diversas áreas: pessoal, profissional e acadêmica. Entre os programas de desenvolvimento continuado, podemos citar os cursos de pós-graduação e os cursos de curta ou longa duração, além da participação em congressos, eventos e seminários.

Em busca de motivação

As diversas incertezas do mercado de trabalho, a rotina estressante e a falta de perspectiva para o futuro são as principais causas que os médicos apontam como desmotivadores de sua profissão. Para a professora da International Business School, da Fundação Getúlio Vargas (IBS/FGV) Jacqueline Rezende, especialista em conflitos de gerações, o maior desafio para esses médicos da Geração Y está na maneira como eles enxergam suas carreiras e em como podem se adaptar ao cenário atual.

“Os millennials não veem a carreira exclusivamente como uma fonte de renda para sustentar a família. Eles buscam trabalhos que estejam conectados com o seu estilo de vida, valores e crenças e querem contribuir de volta para a sociedade, mas a sua maneira. O que vemos na prática médica é uma geração de cumprimento de horas, e não de causas.”, relata Jacqueline.

“É preciso resgatar a essência da Medicina dentro desses médicos e fazê-los entender que não é somente uma forma de trabalho e remuneração, mas uma causa a ser bem trabalhada, pois envolve qualidade de vida, manutenção e, principalmente, a perpetuação da crença naqueles profissionais que exercem o cuidado sobre as pessoas”, conclui a especialista.

Segundo ela, os profissionais da Geração Y deixaram de encarar a profissão como algo impactante para a sociedade. Conforme explica, os médicos colocaram de lado aquela visão de que a profissão faz parte de sua vida, que é um propósito importante.

Carreira médica e empreendedorismo

Por fim, o baixo interesse dos médicos da Geração Y em empreender impede que esses profissionais alcancem maiores patamares na carreira. Segundo a pesquisa Resident Salary & Debt Report, realizada em 2019, somente 22% dos profissionais de Saúde entrevistados tinham interesse em ter seu próprio empreendimento ou de ser sócios em uma clínica.

Com a baixa adesão à iniciativa privada, principalmente por causa da burocracia, muitos médicos millennials procuram exercer a profissão em hospitais, ficando à mercê da alta competitividade e das oscilações do mercado de trabalho, perdendo, assim, a autonomia sobre a própria carreira.

Falando em carreira, é essencial que os médicos, tanto millennials quanto de outras gerações, saibam como tomar os rumos da própria ocupação profissional e, assim, inovar em sua área de atuação. O profissional de Saúde que empreende se torna atraente não só para o mercado, mas também para os pacientes.

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