O não pagamento das anuidades pode ser um indício de que o relacionamento entre a associação e seus associados não anda bem. Mas há formas de reverter esse quadro, investindo na construção de valor
A inadimplência pode se tornar um grande problema para uma sociedade médica ao longo do tempo. O associado, por vários motivos, deixa de pagar a anuidade, o que impacta a gestão financeira da associação. A questão, no entanto, vai além do financeiro. A inadimplência pode ser um indício de que algo não vinha bem no relacionamento entre a sociedade e seus afiliados.
“O impacto da inadimplência é muito relevante para as sociedades médicas, dado que as anuidades dos associados constituem uma das principais fontes de receita para elas. Nos últimos anos, tem sido extremamente difícil quantificar a dimensão dessa inadimplência dentro do exercício orçamentário, pela influência de fatores imprevisíveis, como, por exemplo, a pandemia de Covid-19”, explica Juan Solis Gundin, licenciado em Economia e em Administração de Empresas e que atuou de 2019 a 2021 como gerente executivo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Para reverter a inadimplência, o especialista acredita que há quatro diretrizes que as sociedades podem adotar. A seguir, o Universo DOC lista esses pontos como dicas para os gestores das associações médicas:
1. Construção de valor
Segundo Solis Gundin, a principal abordagem para reverter a inadimplência é a construção de valor para o associado. Para isso, além dos serviços já tradicionais (como acesso a publicações, assessoria jurídica e ações formativas), a sociedade pode investir em iniciativas que gerem valor tanto na perspectiva do coletivo como do individual.
“Uma dessas iniciativas pode ser a oferta de assessoramento na área de gestão, tradicionalmente terceirizada ou realizada sem um conhecimento aprofundado. Com isso, a sociedade forma o associado com conteúdos práticos e didáticos que geram melhorias e retorno financeiro para a prática de consultório”, afirma.
2. Atualização constante
Também com o objetivo de construir valor, as sociedades devem mostrar que estão em busca de uma atualização constante na liderança e na discussão de temas-chave para os seus associados. Ou seja, que se importam e que estão envolvidas no debate sobre sistemas de remuneração, sobre o relacionamento com os convênios e sobre a defesa do ato médico, por exemplo.
3. Transparência nas ações
Outra dica de Solis Gundin é que as diretorias das associações médicas devem prezar pela transparência na sua relação com seus associados. “As sociedades precisam comunicar de forma efetiva e prática para os associados as atividades realizadas e prestar contas sobre o uso dos recursos financeiros da instituição. Precisa ficar claro quais são os objetivos perseguidos, como os recursos vêm sendo utilizados e que resultados foram obtidos”, explica.
4. Tecnologia para modernizar a gestão
Hoje, há recursos tecnológicos que podem ajudar a sociedade médica a diminuir a inadimplência das anuidades. “A tecnologia é essencial, não só na redução da inadimplência, mas também para garantir uma gestão moderna e eficiente que se comunique com os associados de forma direcionada e particularizada”, acredita o especialista.
Juan Solis Gundin ressalta que algo bem comum são as campanhas de e-mail marketing, com os mesmos conteúdos para todos os associados. Porém, essas ações geram falta de engajamento por parte dos associados, já que o conteúdo é considerado pouco relevante para a prática cotidiana. “Ferramentas como CRM, marketing digital e plataformas virtuais de ensino precisam estar presentes em todas as sociedades ou pelo menos considerados no planejamento para a modernização delas”, conclui.
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