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Novembro Azul: como conscientizar seu paciente

Por:

Mariana Tavares

- 16/11/2023

Novembro azul: 4 dicas para conscientizar o paciente

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), um homem morre a cada 38 minutos no Brasil devido ao câncer de próstata. Qualquer homem pode ser acometido pela doença, mas é importante conhecer os fatores que aumentam o risco da doença, tais como idade, histórico familiar e obesidade, entre outros.

Por isso, a existência das campanhas de conscientização é essencial para disseminar informações e esclarecer questões relevantes sobre o assunto. Uma das campanhas mais conhecidas hoje é o Novembro Azul, que visa justamente a alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, cuidado integral e de se ter hábitos saudáveis na rotina.

A história do Novembro Azul
 
O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17 de novembro) deu origem ao movimento Novembro Azul em 2003, na Austrália. A ideia surgiu quando dois amigos, inspirados pela arrecadação de fundos para campanhas do Outubro Rosa, que já vinham acontecendo. Eles decidiram lançar o desafio para os amigos: crescer um bigode durante o mês de novembro, como uma forma de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças que atingem a população masculina.

Uma das barreiras para os homens em relação à prevenção do câncer de próstata é o preconceito com o exame de toque retal. O urologista Raphael Pedroso explica que esse preconceito existe por acharem que a masculinidade será ferida ou por medo. Esse pensamento, no entanto, tem sido reduzido. “Com acesso à informação cada vez maior, principalmente com o advento das redes sociais, isso tem diminuído. Pacientes com 60 anos ou mais ainda são resistentes a fazer o exame, mas os com 45 anos ou mais já têm um preconceito menor”, comenta.

 A figura médica também é essencial para a disseminação de informações e quebra de tabus, tanto dentro dos consultórios quanto fora. Usar o momento da consulta para abordar o assunto e conseguir conscientizar seu paciente em relação à prevenção é uma ação que auxilia na diminuição do medo e do preconceito. Mas caso haja alguma dificuldade para abordar o assunto, Pedroso sugere: “Converse sobre outros assuntos que não a Medicina, assuntos mais leves para descontrair o ambiente. É a melhor dica para você conseguir desmistificar o toque retal”.

De acordo com o especialista, é importante que o médico esteja presente também nas redes sociais e alerta que pacientes informados e com acompanhamento médico têm mais chances de um diagnóstico precoce.

“É fundamental que o médico se posicione não só para desmistificar o pensamento que o exame de toque fere a masculinidade do paciente, mas também para conscientizar e conseguirmos salvar mais vidas” Raphael Pedroso, urologista

Dentro desse contexto, cabe um alerta: o uso das redes sociais para abordar assuntos como este tem seus riscos, pois o médico pode acabar sendo mal interpretado. Portanto, Pedroso adverte que, mesmo sendo um desafio evitar uma intepretação errada, existem algumas estratégias a serem usadas nas redes sociais para ajudar os médicos a se esquivarem de situações como essa:

Como conscientizar nas redes sociais
 
1. Use sempre informações verídicas e comprovadas cientificamente.
2. Use linguagem simples para se comunicar e evite o uso de termos técnicos.
3. Cuidado com o uso do humor para falar de maneira leve sobre o assunto. Saiba dosar, pois a informação pode acabar sendo distorcida, perdendo a importância e dando margem para interpretações erradas.

Por fim, Pedroso ressalta a importância de levar sempre o alerta de que os homens precisam ter cuidado em relação a sua saúde e aos exames de prevenção ao câncer de próstata. “Dar ao paciente a notícia de câncer sempre é algo desafiador. A palavra ‘câncer’ gera um estigma muito forte quando qualquer pessoa ouve, mas quando encontramos a doença em fases iniciais, há 90% a 95% de chances de cura. O problema é que o câncer de próstata não dá sinal. Então, para diagnosticar em fase inicial e dar essa chance de cura enorme para o paciente, é necessário fazer o exame todo ano”, conclui.

Assista também

Veja agora um vídeo exclusivo de Alfredo Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), alertando sobre a importância da conscientização do Novembro Azul.