A Cruz Vermelha surgiu em 1863, podendo ser considerada uma “filha” do suíço Henri Dunant que, após testemunhar a Batalha de Solferino, guerra travada entre franceses e austríacos, com baixa de 40 mil pessoas, decidiu organizar serviços que atendesse os feridos dos dois países. Três anos após o ocorrido, Dunant publicou o livro Un Souvenir de Solférino (em tradução literal, Uma Lembrança de Solferino), no qual sugeria a criação de grupos de voluntários que pudessem ajudar e proteger os feridos em guerras.
Em 1863, Dunant foi nomeado pelas autoridades suíças para um comitê que viabilizou as propostas anunciadas no livro. Assim nasceu a Cruz Vermelha, uma instituição de voluntários para atender feridos sem distinção de países em uma batalha. No ano seguinte, 1864, foi assinado um tratado internacional na primeira das famosas Convenções de Genebra. Entre diferentes medidas, o documento garantia a neutralidade à equipe médica que trabalhasse nas guerras.
O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (esse último funciona em países muçulmanos) é um movimento internacional humanitário, imparcial e neutro, não vinculado a qualquer Estado. Em teoria, nenhum governo pode interferir na entrada de agentes da Cruz Vermelha, por exemplo, em um campo de prisioneiros ou espaço de batalha.
Com o tempo, o milionário Dunant acabou indo à falência por dedicar mais tempo às atividades humanitárias do que aos seus negócios. Morou nas ruas e, anos depois, foi redescoberto por um admirador, que o internou em um sanatório. Sua glória veio apenas em 1901, quando foi o primeiro ganhador do Prêmio Nobel da Paz. A Cruz Vermelha recebeu ainda dois Prêmios Nobel da Paz, nos anos de 1917 e 1944, respectivamente nos anos das grandes guerras mundiais.
Cruz Vermelha no Brasil
No Brasil, a ideia da Cruz Vermelha foi trazida pelo médico Joaquim Oliveira Botelho, em 1907. Ao testemunhar o trabalho da entidade em outros países, desejou replicá-la no Brasil. Em 5 de dezembro de 1908, foram discutidos e aprovados os estatutos que serviram como base para a fundação da Cruz Vermelha Brasileira. Já o registro e o reconhecimento da entidade, nacional e internacionalmente, deram-se nos anos de 1910 e 1912, tendo como primeiro presidente o sanitarista Oswaldo Cruz. Posteriormente, um grupo de mulheres cariocas criou um comitê nomeado “Damas da Cruz Vermelha Brasileira”, que teve como primeira função formar um corpo de enfermeiras voluntárias.
Segundo Jorge Veloso, assessor da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro, atualmente, a Cruz Vermelha do Brasil possui cerca de 20 mil voluntários. Veloso afirma que o grupo age em casos de emergência e/ou conflitos armados, no auxílio de casos epidêmicos – como tem feito ao retirar dúvidas da população sobre a febre amarela – ou mesmo educando a população nos diferentes cursos ministrados pela instituição. Ele destaca, ainda, que as equipes da organização costumam ser as primeiras a chegar e as últimas a sair de tragédias e situações de muita dificuldade.
O fisioterapeuta e acupunturista Carlos Alberto Marques Pereira chegou à Cruz Vermelha após perder o pai por um infarto fulminante. Com o desejo de ajudar, ele é hoje instrutor de atendimento básico de emergência, em um curso que funciona aos sábados, e já formou diferentes pessoas de empresas, escolas e clubes. “Estou há 26 anos na Cruz Vermelha e a certeza que tenho é a de que chegamos aqui querendo oferecer ajuda, mas somos nós, voluntários, que mais recebemos e crescemos com a experiência”, afirma.
Para participar da instituição, várias pessoas podem se inscrever, inclusive médicos. Aquele que deseja se voluntariar deve encaminhar-se para uma das 21 filiais espalhadas pelos estados brasileiros e poderá atuar da melhor forma, de acordo com seu perfil. Como explica Veloso, muitas vezes o voluntário iniciante ainda não tem estruturas para suportar o impacto que é vivenciar algumas histórias. “Temos um serviço de atendimento psicossocial para aqueles que chegam aqui querendo se voluntariar. Para cada um, portanto, acharemos um trabalho ideal aqui dentro. Temos vários programas, desde primeiros socorros até um departamento de juventude que visita bairros boêmios e alerta sobre a importância de voltar para casa em segurança. São vários projetos sendo feitos que podem receber auxílio de voluntários”, explica.
Missão da Cruz Vermelha
- Agir, em caso de guerra, e preparar-se, na paz, para atuar em todos os setores abrangidos pelas Convenções de Genebra e em favor de todas as vítimas de guerra, tanto civis como militares;
- Contribuir, para a melhoria de saúde, prevenção de doenças e o alívio do sofrimento através de programas de treinamento e de serviços que beneficiem a comunidade; adaptados às necessidades de peculiaridades nacionais e regionais, podendo também, para isso, criar e manter cursos regulares, profissionalizantes e de nível superior;
- Organizar, dentro do plano nacional, serviços de socorros em emergências às vítimas de calamidades, seja qual for a causa;
- Recrutar, treinar e aplicar o pessoal necessário às finalidades da instituição;
- Incentivara participação de jovens voluntários nos trabalhos da Cruz Vermelha, qualificando-o às finalidades da instituição;
- Divulgar os princípios humanitários da Cruz Vermelha, a fim de desenvolver na população os ideais de paz, respeito mútuo e compreensão entre todos os homens e todos os povos.
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