Com o tema Relação médico-paciente em tempos de Dr. Google, Fernando Carbonieri realizou seu mestrado de Bioética e garante que os estudos de gerações são o alicerce de seu trabalho. Com base nisso, o médico afirma que os pacientes da geração dos Millenials utilizam bastante o Google como fonte de informação e que cabe ao médico respeitar o fato.
“Existe um lado bom nisso. O paciente que chega ao consultório com informação é alguém que pesquisa sobre sua própria doença. Se o médico nega isso, é como se estivesse negando, abruptamente, uma pessoa em um diálogo qualquer, criando antipatia perante o paciente e perdendo a capacidade de se comunicar com ele adequadamente”, avalia.
Se uma postura mais ativa dos pacientes é válida, por outro lado, também tem seu lado ruim. Segundo Carbonieri, em alguns casos, o Dr. Google tira um pouco da autoridade e do valor do profissional especializado que passa anos estudando sobre aquele assunto. “O trabalho do médico, nesse momento, passa a ser mais explicativo sobre todos os processos que acometem o paciente a fim de engajá-lo no tratamento”, complementa.
Para Anis Ghattás Mitri, o Dr. Google não é um problema. “O Google atrapalha o ego das pessoas, muitas vezes informando melhor que a maioria dos médicos. A informação está lá. Se o médico não explica nada para o seu paciente, ele vai acabar recorrendo ao Google. Esse é o real problema em questão”, afirma.
“O médico não preciso combater esse comportamento da geração dos millennials e entrar em conflito com os pacientes, mas, sim, direcioná-los para fontes confiáveis. O próprio Google firmou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein nesse sentido, na qual as informações das doenças disponibilizadas na busca são validadas pelos especialistas que lá trabalham”, exemplifica.