[__]

Outubro Rosa: como conscientizar a paciente?

Por:

Nayara Simões

- 24/10/2020

outubro rosa

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que, apenas em 2020, o Brasil deve contar com 66.280 novos casos de câncer de mama em mulheres. Essa incidência é bem menor em homens, mas também representa risco. Portanto, campanhas de conscientização são essenciais para divulgar informação e desmistificar questões tão importantes para a saúde. Nesse cenário, o Outubro Rosa surge como forma de engajar pessoas sobre prevenção, diagnóstico e diversos outros aspectos que podem reduzir os impactos da doença na sociedade. Dessa forma, saber como conscientizar o paciente torna-se essencial para a promoção de saúde.

A oncologista Sabrina Chagas, autora do livro “Como estamos? O desafio do câncer de mama”, reforça as recomendações em prol da educação do paciente. Ela alerta que, sempre que possível, e não só em outubro, médicos precisam falar sobre o câncer. “Orientar quanto aos exames de investigação e hábitos de vida saudáveis pode mudar a trajetória de inúmeras patologias em nossa população”, explica.

A especialista conta que se interessou pelo assunto quando seu pai, que é mastologista, teve câncer de mama, em 2015. “Viver o outro lado, como familiar de paciente, me trouxe um novo olhar sobre a jornada dos pacientes. A partir dessa vivência, escrevi o livro “Como Estamos? O Desafio do Câncer de Mama” em forma de diário, baseado em nossas trocas de WhatsApp durante o tratamento”, relata.

Além disso, Sabrina explica também que, no início, achou que estava levando aos profissionais de saúde um novo olhar para suas práticas. Entretanto, o alcance foi ainda maior entre pacientes e familiares. “Quando dei nome aos meus sentimentos e descrevi todas as dores do meu caminhar, automaticamente eles se identificaram e se sentiram acolhidos”, destaca.

Desde então, a médica passou a ser chamada para dar palestras sobre o tema e contar sua história. “Percebi o quanto os pacientes são carentes de informações de qualidade”, enfatiza.

Dicas para conscientizar o paciente na consulta

Como forma de preparar os médicos para uma abordagem adequada de seu paciente em relação ao Outubro Rosa, preparamos algumas dicas sobre como conscientizá-los durante a consulta. Veja a seguir:

Mantenha uma boa relação médico-paciente

De acordo com Sabrina Chagas, a escuta atenta e o interesse genuíno na história do paciente permitem ao médico conduzir adequadamente as nossas orientações.

Aborde o assunto nas consultas

Não tenha receio de abordar o assunto nas consultas – sobretudo, tente não se esquecer de abordá-lo. Um simples conselho pode mudar a vida do paciente.

Incentive a mudança de hábitos

O câncer de mama tem origem em causas mutáveis (hábitos de vida) e em causas não mutáveis (sexo, idade, menarca precoce, menopausa tardia etc.). Por isso, Sabrina questiona: quais são os hábitos alimentares do seu paciente? São hábitos advindos de longa data? Ele está pronto para viver de forma mais saudável? Como ele pode praticar exercício onde mora? Todas as nossas propostas devem adequar-se à realidade do nosso público.

Oriente seu paciente sobre a importância do diagnóstico precoce

Orientar o paciente sobre diagnóstico e exames é essencial. Além disso, você pode disponibilizar materiais seguros e com base em referências confiáveis.

Clique aqui e veja o vídeo com Sabrina Chagas sobre o Outubro Rosa.

E no caso de pacientes homens?

Segundo Sabrina, homens vão menos às consultas. Então, após estabelecer o vínculo na relação com o paciente, é preciso tentar ser abrangente nas orientações dos exames de investigação. “No caso do câncer de mama masculino, não existem diretrizes relacionadas à mamografia e ultrassonografia. Portanto, devemos lembrar que o autoexame no homem é um caminho importante. E que qualquer alteração no exame físico deve ser prontamente sinalizada”, enfatiza.

De acordo com a médica, quanto mais os pacientes forem bem cuidados, tanto no sentido de uma boa relação médico-paciente quanto no sucesso das orientações dadas, mais voltarão satisfeitos. “Não só na área da saúde, mas também em diversos setores, o cliente busca estar ativo em processos nos quais estão envolvidos. Por isso, o médico que ainda não está atento a essas mudanças ficará cada vez mais distante do seu bem maior, o paciente”, conclui.

Para saber mais sobre a publicação “Como estamos? O desafio do câncer de mama”, clique aqui.