A sociedade de especialidade é extremamente importante para o crescimento profissional do médico. Por meio dessas mais de 50 entidades, filiadas à Associação Médica Brasileira (AMB), os especialistas passam a ter acesso a provas, eventos e diversos materiais agregadores de conhecimento. Além disso, elas não possuem fins lucrativos e colaboram para amparar e formar parte do conhecimento científico do médico em diversas fases de seu desenvolvimento.
Por isso, entrevistamos com exclusividade o presidente eleito da AMB, César Eduardo Fernandes. O representante nos trouxe informações sobre a relação entre as entidades, além de reforçar a importância das sociedades de especialidade para a representatividade e o crescimento profissional dos médicos. Acompanhe a seguir:
1- Por que as sociedades de especialidade são tão importantes para o crescimento profissional dos médicos?
César Eduardo Fernandes: A Medicina e as sociedades de especialidade evoluíram sobremaneira ao longo da segunda metade do século passado. Hoje há registradas na Associação Médica Brasileira mais de 50 sociedades de especialidade, cada uma delas com vida própria, tanto no sentido da realização das suas ações quanto em mecanismos internos e métodos de educação continuada. Isso propiciou que as sociedades de especialidade ganhassem ainda mais importância e credibilidade junto aos seus associados. Por isso elas são tão importantes para o crescimento profissional dos médicos e para a representatividade.
O médico especialista precisa de contínuo aprendizado. É uma educação continuada sem fim. Todos os dias ele deve buscar informações para a qualificação da assistência, pois são constantes as novidades em todas as áreas da Medicina e da Saúde. A sociedade de especialidade ganha mais e mais relevância, já que interage com os médicos, organiza cursos de educação continuada, promove congressos etc.
Dessa forma, é recomendável, após a obtenção do título, manter-se associado. Trata-se de um movimento de crescimento mútuo: todos progridem, assim, em conhecimento, representatividade e em poder de intervenção nas políticas públicas. É benefício ao conjunto e aos pacientes.
2- Quais benefícios são gerados à carreira dos médicos que se associam?
César Eduardo Fernandes: As sociedades médicas se estruturaram para oferecer, além de congressos diversos, material educativo e capacitação continuada para seus associados. Elas também oferecem serviços e são importantes na defesa profissional e na fiscalização das políticas de saúde, além de acompanhar os movimentos do parlamento na área.
Vejo distintos benefícios; há também a possibilidade de estar em contato com seus pares da especialidade, de compartilhar, receber e disponibilizar experiências e vivências. Quanto às informações mais direcionadas, temos áreas restritas dos portais dessas sociedades, revistas periódicas e informativos. No passado, tudo era focado no conteúdo científico. Agora preocupam-se com a qualidade do trabalho, lutam por remuneração digna e condições adequadas do exercício profissional.
3- Como a AMB coopera para que o dever das sociedades de especialidade com o médico seja cumprido?
César Eduardo Fernandes: Nos últimos tempos, a AMB não vem dispensando a devida atenção às sociedades de especialidade. Elas devem ser reconhecidas como o cérebro científico da Associação Médica Brasileira. São duas frentes importantes na AMB: as federadas – associações médicas estaduais – e as sociedades de especialidade. Duas pontas de lança que merecem investimento, parceria, autonomia e apoio.
Portanto, de agora em diante, as sociedades terão voz e vez. A Nova AMB estará atenta às necessidades comuns e criará instrumentos para fortalecê-las continuadamente. Vamos buscar e alcançar sinergia. A palavra, o posicionamento e as diretrizes científicas da AMB têm de ser consolidadas com parecer da sociedade de especialidade.
4- Por que é fundamental que os médicos compareçam aos congressos e demais eventos desenvolvidos pelas sociedades de especialidade?
César Eduardo Fernandes: Minha observação na vida associativa, na Academia e no dia a dia da Medicina sustentam a convicção de que o médico tem verdadeira paixão por seu ofício, pelo cuidado ao paciente, independentemente da especialidade. Também tem prazer e satisfação em participar de eventos promovidos pela sua representação, pelo seu campo de atuação. Dificuldades às vezes se dão pela distância. Até há pouco, quase todos os encontros científicos eram presenciais, levando a interromper a atividade por dois, três ou mais dias, o que dificulta responder prontamente o paciente.
Existem, por outro lado, custos com passagens, inscrições e estadia. E sabemos que a situação econômica do médico hoje não é muito confortável. Dessa forma, agora vemos e utilizamos melhor ferramentas facilitadoras. Aprendemos com a pandemia que são viáveis eventos híbridos, presenciais e a distância. É agradável interagir com o colega médico, o docente, o professor, com aquele médico mais experiente que está proferindo palestras, mas também são interessantes as opções digitais. Estamos e vamos aprender mais, para qualificar projetos híbridos e atender adequadamente os colegas de diferentes especialidades.