No geral, o processo de liderança nem sempre é fácil e os médicos precisam dominar algumas competências que possam auxiliar e aumentar seu potencial de eficácia. Por isso, conhecer as habilidades necessárias para se tornar um bom líder é fundamental em uma profissão que abrange essa autonomia em sua totalidade.
Para o urologista Rogério de Fraga, pesquisador sobre Neuroanatomia, o líder é um indivíduo que estimula e percebe as associações. “Ele que nota onde seu liderado rende mais e o coloca em um cenário de oportunidades para estabelecer novas associações”, explica. O médico acrescenta então que a liderança é congruência entre o discurso e a prática. Para o especialista, o ponto-chave nesse cenário são os tipos de habilidades que esses profissionais devem ter.
Algumas características de um bom líder
- Honestidade;
- Transparência;
- Integridade;
- Engajamento;
- Comprometimento;
- Sensibilidade;
- Determinação;
- Firmeza;
- Boa comunicação;
- Organização;
- Inteligência emocional;
- Domínio técnico.
Desafios do dia a dia
O papel da liderança pode aparecer com naturalidade na vida dos médicos, mas isso não significa que o caminho percorrido será fácil ou não exige aperfeiçoamento. São muitos os desafios que precisam ser superados e vencidos pelos especialistas, principalmente no que diz respeito ao cérebro social – funcionamento em sociedade. Manter uma postura de empatia, engajar as equipes de colaboradores e, assim, estimular resultados são atitudes essenciais.
De acordo com Fraga, no cenário de gestão, por exemplo, associam-se os desafios à instabilidade política e econômica. “Além disso, o médico passou por um processo de reconstrução da imagem e é um grande desafio ter flexibilidade cognitiva para se adaptar”, comenta. Para o pesquisador, muitas pessoas avaliam a orientação do médico, então ele precisa ser coerente, congruente, sensato e se ajustar às novas realidades.
Liderança feminina: desafios e superações
A palavra liderança remete a posições de chefia, autoridade, influência e comando. Por muito tempo, essas características eram exclusivas dos homens, contudo, com o passar dos anos, as mulheres lutaram por seu espaço e conquistaram posições de destaque na sociedade. A Medicina também faz parte dessa realidade, e Audrey Beatriz Santos Araujo, coordenadora do serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte (MG), é exemplo dessa transformação.
De acordo com a especialista, é preciso ter força de vontade, capacidade de organização e apoio. Para a médica, é necessário lidar com as imposições colocadas pela profissão, todavia sem abrir mão do controle e convívio no ambiente familiar. “Mesmo que seus parentes não cobrem mais sua presença em casa e seu controle no ambiente domiciliar, nós, mulheres, nos impomos decisões (e, de preferência, acertos) sobre diversos níveis: convívio familiar, social e profissional”, constata.
Audrey explica que os principais desafios nessa jornada são conseguir exercer a atividade de liderança e manter uma vida social prazerosa. “É de extrema importância a atitude de pais, esposos, filhos e demais familiares”, sustenta.
A médica também conta que, às vezes, o apoio é necessário para que seja possível lidar com alguma angústia do trabalho ou para contribuir para as necessidades do lar. “Saber organizar seu tempo, exercer atividades seguindo uma rotina predeterminada e saber delegar funções a outrem são atitudes vitais para conseguirmos manter o binômio profissão-família”, afirma.
Na rotina da liderança, a coordenadora inclui que esse posicionamento exige mais do que em outras situações. “Transitar entre doentes, médicos de várias especialidades, equipe multiprofissional, estudantes e residentes exige maleabilidade e perspicácia. É sempre importante ouvir o outro e avaliar as opções existentes antes de tomar uma decisão”, ressalta. Nesse contexto, Audrey destaca o fato de que nem sempre é possível agradar a todos ao mesmo tempo.
Entretanto, para a especialista, saber estar entre tantas especialidades e lidar com as vaidades e especificidades de cada uma delas são atitudes fundamentais para o bom desempenho de quem exerce um cargo de liderança. “Com o passar do tempo, a gente se habitua a ter cada vez mais responsabilidades e maior facilidade de lidar com os pacientes e colegas de convívio, tanto hospitalar quanto ambulatorial”, comenta.
Experiências de um líder
“Percebo grande respeito em relação a minha pessoa, tanto de colegas mais antigos quanto dos residentes, os quais tenho o prazer de ‘liderar’. O mundo mudou, evoluímos muito rápido, a informação está disponível, mundialmente, em questão de segundos. Acredito em uma hierarquia plana: o trabalho conjunto, coletivo, traz muito mais benefício do que atitudes impositivas em cem por cento do tempo”, encerra Audrey Beatriz Santos Araujo.