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Comunicação inclusiva: atendimento ao deficiente auditivo

Por:

Nayara Simões

- 12/02/2021

comunicação inclusiva

A inclusão tem deixado de ser um diferencial e se tornado uma necessidade dentro do setor da saúde. Os profissionais que buscam promover acesso e qualidade na prestação de serviços precisam dedicar esforços ao atendimento de todas as pessoas, inclusive as que possuem algum tipo de deficiência. Neste conteúdo, abordaremos como a comunicação inclusiva com o deficiente auditivo pode beneficiar a relação médico-paciente e, consequentemente, a carreira do médico. Aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma das formas de melhorar o cuidado e colocar em prática a inclusão.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, só no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva. Tal dado revela a grande demanda desses pacientes dentro dos consultórios . Nesse contexto: você está pronto para lidar com esses pacientes e atendê-los com excelência?

De acordo com a Lei de Libras 10.436/02, os direitos da comunidade surda precisam ser resguardados. Ao considerar a humanização do atendimento, aprender Libras, ou ao menos técnicas de comunicação que podem beneficiar o cuidado, pode ser a solução para algumas questões que muitos desconhecem, ou não se atentam sobre. São elas:

  • O paciente surdo pode se sentir desconfortável em um ambiente no qual não consegue se comunicar de maneira natural;
  • Em alguns casos, o paciente não tem um intérprete como acompanhante, o que pode dificultar o atendimento;
  • A falta de conhecimentos referentes à língua de sinais pode fazer com que o médico se dirija apenas aos acompanhantes, o que faz com que o paciente se sinta excluído;
  • Em situações específicas, o paciente pode desejar comunicar-se apenas com o médico, sem a presença de uma outra pessoa ou familiar na consulta, o que pode deixar o médico inseguro ou sem saber a melhor maneira de agir.

Benefícios da comunicação inclusiva

  • Conquista de pacientes e, consequentemente, sua fidelização;
  • Prática humanizada da Medicina, com foco nas necessidades do paciente;
  • Fortalecimento de marca (a probabilidade de que seu serviço seja recomendado a outros pacientes com deficiência auditiva aumenta);
  • Destaque no mercado, devido à pouca oferta de serviços como este.

No caso de atendimento a pacientes com deficiência auditiva sem o devido conhecimento da linguagem de sinais, diversos obstáculos e até mesmo complicações relacionadas ao tratamento podem surgir. Um estudo realizado em 2016 revelou alguns pensamentos e sentimentos de pessoas com deficiência auditiva acerca do atendimento nos serviços de saúde. De acordo com a pesquisa, todos os participantes relataram ter apresentado um misto de sentimentos, como tristeza, raiva e decepção. Tal fato se justificou pela falta de compreensão na consulta, já que os profissionais não sabiam se comunicar com eles.

As barreiras na comunicação podem se apresentar de diversas formas, mas esteja atento para que elas não afetem a clareza necessária no momento da consulta. Não dominar a linguagem de sinais pode comprometer o entendimento do paciente sobre seu próprio tratamento, por exemplo. Nesse caso, então, falhas de interpretação das instruções dadas pelos profissionais de saúde podem gerar sentimentos negativos no paciente, como insegurança, medo e inferioridade.

Libras na formação médica

Sabe-se que a presença de um intérprete em todas as instituições de saúde e ocasiões de atendimento necessárias não é uma realidade no Brasil. Por isso, algumas pessoas defendem o estabelecimento de Libras como uma disciplina curricular obrigatória na formação médica. Dessa maneira, a inclusão estaria garantida e o processo de comunicação seria assertivo com todos os pacientes.