Iniciativas promovidas pelas associações médicas, em geral, precisam de recursos para se concretizarem. Como fazer a captação desses recursos é um tema que gera dúvidas e questionamentos.
As associações médicas promovem ações educativas e de promoção da saúde, realizam eventos (como congressos e jornadas) e incentivam a educação continuada dos médicos.
Todas essas iniciativas precisam de recursos para saíram do papel.
Muitas vezes, essas verbas vêm por meio de parcerias com indústrias farmacêuticas. Mas será que essa é a única maneira de captar recursos para as ações das sociedades? E as indústrias estariam, realmente, dispostas a patrocinar qualquer projeto das entidades médicas?
Para esclarecer essas e outras dúvidas sobre esse tema, o economista Antônio Peres, atualmente gerente de relacionamento com as associações médicas da DOC, analisou quatro afirmativas ouvidas com frequência quando se fala em captação de recursos para as sociedades médicas.
Com a experiência de quem já atuou como gestor da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e gerente comercial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Peres aponta que afirmativas são verdadeiras e quais não passam de mitos.
Os recursos para as ações das sociedades médicas têm que vir apenas das indústrias farmacêuticas, pois não há outras fontes de recursos
MITO. Apesar de a indústria farmacêutica ser a mais relevante fonte de recursos, por meio de parcerias em ações científicas ou eventos de sociedades médicas, ela não deve ser considerada como única.
A indústria de equipamentos e de produtos de consumo ligados à área da Saúde também tem interesse em obter visibilidade junto aos associados, apoiando as ações das sociedades.
Outros segmentos, como o de educação e o editorial, em uma proporção menor, também representam um potencial de apoio às ações das sociedades.
A diversidade de segmentos e marcas como fonte de recursos deve ser bem vista, ajudando a não concentrar os ovos em uma única cesta e minimizando a dependência daquela sociedade ou a imagem de vínculo muito forte com uma indústria ou um produto.
Existem diversas linhas de crédito que as sociedades podem utilizar para captar recursos
VERDADE. Existem as chamadas verbas de fomento, acessíveis por órgãos federais ou estaduais. São verbas disponibilizadas para pesquisa científica, mas não é uma modalidade tão abundante, estando sujeita à política de distribuição de verbas ou de orçamento dos governos.
As sociedades, para se candidatarem, precisam se planejar com antecedência, aguardar o lançamento do edital, efetuar o preenchimento de formulário detalhado, fundamentando o projeto, e ter um membro como pesquisador responsável pela execução e posterior comprovação do uso da verba.
Demanda muita cautela e o projeto concorrerá com os de outras entidades. Essa modalidade de verba de fomento, em alguns casos, possibilita a aplicação do recurso em eventos científicos e pode auxiliar muito a viabilidade financeira de um evento.
Muitas empresas e instituições estão dispostas a ter parcerias e conceder recursos às sociedades, em quaisquer ações que forem propostas.
Ou seja, é só “bater na porta que o dinheiro aparece”
MITO e VERDADE, em partes. É verdade que muitas empresas e instituições estão dispostas a ter parcerias com as sociedades médicas e conceder recursos, mas é totalmente mito considerar que é só “bater na porta que o dinheiro aparece”.
Existem especialidades com maior atratividade do que outras para a aplicação de recursos das empresas, mas a regulamentação e o compliance seguido pelas empresas criam critérios seletivos. As próprias associações também seguem suas regras, sendo preciso casar as demandas da indústria com os interesses e objetivos educativos e estratégicos das associações.
O ponto de partida ideal, que viabiliza as parcerias, é a associação ter uma estrutura mínima dedicada ao relacionamento ou atendimento da indústria, que proporcione um canal de comunicação com a sua diretoria.
Muitas oportunidades são perdidas pelo fato de a indústria ainda ter dificuldade em poder levar as ideias e propostas às diretorias ou áreas cientificas de forma objetiva e eficiente.
As sociedades também atuam fortemente dentro de critérios éticos e técnicos e isso, mesmo inviabilizando e não aderindo iniciativas propostas, valoriza a imagem daquela associação, que recupera rapidamente a perda devido à credibilidade que ela conquista ou preserva.
Um projeto bem estruturado é essencial para captar recursos, principalmente mostrando como será possível aos apoiadores aferirem os resultados daquela iniciativa
VERDADE. Voltando a falar da importância de uma estrutura mínima que busque manter o relacionamento e/ou canal de comunicação, devemos considerar que agregará muito se houver por parte dessa pessoa ou equipe uma postura consultiva e comprometida com o atingimento da expectativa mínima de retorno daquela iniciativa.
Caso não haja essa postura ou entendimento dentro da sociedade, muitas parcerias ficarão em uma única ação, não se repetindo ou demorando a se repetir pela frustração do não atingimento da expectativa ou do que foi prometido.
É muito raro atualmente – e não é saudável na relação – existir recurso a fundo perdido. As sociedades que desenvolvem projetos bem estruturados e que agregam boas práticas de atendimento com foco em uma relação de longo prazo são reconhecidas e têm mais oportunidades de ações de parceria.
Leia mais sobre Recursos no portal da Universo DOC os links abaixo:
Link 1:Alocação de Recursos em Saúde – PARTE 1
Link 1:Alocação de Recursos em Saúde – PARTE 2