Se o balanço anual do ano anterior não foi dos melhores, os gestores das sociedades médicas podem, com planejamento e uma contabilidade bem-feita, reverter a situação no ano seguinte.

Ano novo, vida nova – mas não necessariamente. O final de um ano e o início de outro podem representar uma dor de cabeça para os gestores de uma sociedade médica.
Isso porque, ao se fazer o balanço anual, a conclusão pode ser que os resultados fecharam “no vermelho” e a situação pode ficar complicada no começo do ano que se inicia.

Por isso, é importante estar atento ao cenário contábil da sociedade nesse período de fechamento de um ano e de preparação para mais 12 meses.

Segundo Edeno Teodoro Tostes, diretor da Somed Contabilidade e que já atuou como contador de associações médicas, tais como o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o ideal é que, no fechamento do ano, a diretoria da sociedade médica solicite ao seu contador a posição contábil da entidade, verificando o resultado apurado e analisando, principalmente, as receitas, as despesas, os valores a receber e as contas a pagar – inclusive o saldo de empréstimos.

Para não fechar no vermelho, a diretoria da sociedade médica precisa: 

• Ter atenção a retenções e recolhimentos de impostos e contribuições
• Verificar inadimplências de recebimentos
• Acompanhar eventuais causas trabalhistas
• Solicitar todas as certidões negativas de impostos e contribuições

Se em 2022 a sociedade médica não conseguiu fechar o ano no positivo, Tostes explica que o quadro pode ser revertido pela gestão que continua ou assume a entidade em 2023.

“Deverá ser feito um planejamento a fim de estudar formas para aumentar as receitas e reduzir custos e despesas. Se a contabilidade for separada por áreas de atuação, é importante verificar onde pode ser feita essa redução sem interferir na qualidade do trabalho”, orienta o contador.

Além disso, o especialista ressalta que os gestores da associação médica devem também implementar ações para que a situação não se repita na virada para 2024. Entre essas iniciativas, Tostes lista: a adoção de um sistema financeiro que controle as receitas e as despesas e que gere relatórios que ajudem nas tomadas de decisões; a realização de reuniões periódicas com o contador; e um estudo para buscar caminhos para reduzir a carga tributária.

“Uma contabilidade bem-feita, que reflita os dados da sociedade, é uma ótima ferramenta para a gestão e para a análise de resultados. De maneira geral, deve-se fazer um planejamento estratégico e acompanhar mensalmente os relatórios contábeis que demonstrem a real situação da entidade e como vêm se comportando seu fluxo de caixa e outros índices, usando a contabilidade como ferramenta de gestão”, orienta Tostes.

O que a análise contábil deve incluir no balanço anual? 

• Liquidez corrente da sociedade médica: com esse índice em mãos, pode-se verificar se a entidade possui recursos financeiros para arcar com suas obrigações sem depender de terceiros (bancos e empréstimos).
  Basicamente, o cálculo da liquidez corrente consiste em fazer a divisão dos saldos bancários e valores a receber pelo saldo de contas a pagar (impostos, obrigações trabalhistas e fornecedores, por exemplo)

• Forma de tributação: verificar se a escolha na forma de tributação foi a ideal para ter uma carga tributária menor.