Após ganhar força na pandemia de Covid-19, o atendimento por teleconsulta se mantém, trazendo benefícios para médicos e pacientes. Trazemos um guia especial sobre essa ferramenta
Com o avanço da tecnologia e de novas demandas da Saúde, cada vez mais surgem ferramentas que podem ser incorporadas ao dia a dia do médico e que geram benefícios tanto para ele quanto para os seus pacientes. Uma dessas ferramentas é o atendimento por teleconsulta, que obteve mais notoriedade durante a pandemia de Covid-19 e se mostrou uma grande aliada para a Medicina.
Profissionais muitas vezes exaustos devido à rotina corrida encontraram nas teleconsultas mais liberdade para aproveitar melhor o seu tempo. Já os pacientes foram beneficiados pela acessibilidade e pela comodidade desse formato de atendimento.
Pensando nisso, a Revista DOC preparou um guia para ajudá-lo a utilizar essa ferramenta a seu favor. Conversamos com Asdrubal Cesar Russo, médico especialista em Medicina de Família, que ensina os médicos a formalizarem e ampliarem os atendimentos pela Telemedicina. Convidamos também Maysa Helena Castro, nutróloga e homeopata, que começou a atender por teleconsultas durante a pandemia e nos contou as vantagens, os desafios e o seu ponto de vista sobre esse formato de atendimento.
Afinal, quais são as vantagens de aderir às teleconsultas?
• Maior liberdade geográfica • Evita o tempo gasto com deslocamento • Flexibilidade na agenda (o médico pode atender fora do horário comercial, por exemplo) • Otimização da agenda com as consultas de retorno on-line • Pode ser um grande diferencial para os pacientes |
Além de contribuir para o bem-estar do médico, que teria maior flexibilidade de tempo e locomoção, o uso dessa ferramenta é principalmente um grande diferencial competitivo para o profissional, que passa a estar alguns passos à frente quando o paciente busca por comodidade ou acessibilidade. “A Telemedicina traz muitas vantagens porque coloca o médico como mais atualizado e adepto aos melhores recursos tecnológicos para atender seus pacientes”, explica Russo.
Para Maysa, as teleconsultas trouxeram a vantagem de facilitar o seu tempo e o dos seus pacientes. Além disso, ela conta que se adaptar a essa ferramenta não foi um desafio para eles: “Não houve resistência; muito pelo contrário, eles imploravam. Hoje em dia, após a pandemia, ainda persistem pela facilidade”.
Russo confirma que, no período pós-pandêmico, a Telemedicina não perdeu espaço e continua trazendo mais benefícios para a saúde. “Tenho certeza de que a Telemedicina se integrou à vida de boa parte dos médicos que a utilizaram durante algum período da pandemia. É muito importante quebrar alguns paradigmas e entender que houve uma revolução nos meios de comunicação, na forma como as pessoas se relacionam e que não seria diferente na Medicina”, defende.
Ferramenta para todos?
Apesar de algumas especialidades se beneficiarem mais das teleconsultas, todas podem utilizar a Telemedicina de alguma forma. A Endocrinologia, a Medicina de Família e a Psiquiatria, por exemplo, têm mais facilidade para o atendimento on-line. Outras especialidades, como as cirúrgicas, talvez tenham mais dificuldade, mas podem usar, por exemplo, esse recurso em consultas de acompanhamento, de retorno e de monitoramento do paciente.
“Muito se fala de teleconsulta, mas existem outras modalidades, como a teleinterconsulta médica, a teleconsultoria e o telemonitoramento, modalidades que podem se encaixar em outras especialidades”, explica Russo.
O que é preciso para iniciar?
Para ter mais segurança, é importante o médico respeitar o que determina o Conselho Federal de Medicina (CFM), que exige que a teleconsulta tenha um registro em prontuário eletrônico. Por isso, Russo recomenda utilizar um software com ferramenta de videochamada integrado para a telemedicina. “Não é o ideal realizar teleconsulta por ferramentas que não sejam desenvolvidas especificamente para o uso médico”, orienta. |
Perfil de pacientes
Embora a Telemedicina ofereça benefícios para todos os perfis de pacientes, alguns deles podem se beneficiar mais do recurso das teleconsultas. Pacientes idosos, pessoas com dificuldade de deslocamento, que residam em lugares mais distantes e com pouco acessibilidade muitas vezes interrompem determinados tratamentos pela dificuldade em comparecer presencialmente para uma consulta de retorno, por exemplo.
Russo explica que, com as teleconsultas, o acompanhamento desses pacientes se torna muito mais viável, tanto para ele quanto para a família, que em um atendimento presencial provavelmente precisaria perder um dia de trabalho para acompanhá-lo. “A teleconsulta proporciona que esse paciente tenha acesso ao médico e diminui o ônus social e financeiro para a família, além de proporcionar mais conforto”, enfatiza.
No entanto, é fundamental avaliar as necessidades e a gravidade de cada caso individualmente. Nas situações em que seria necessário um exame físico inicialmente, o ideal seria uma primeira consulta de forma presencial. Maysa conta que opta por atender por teleconsulta os casos que não sejam graves e sobre os quais disponha de informações necessárias. “No formato virtual, o exame físico fica difícil. Mas em minha área, preciso escutar o que a pessoa tem a dizer. Então, não tive nenhuma dificuldade”, revela.
Quanto cobrar?
Cada médico tem a liberdade para definir o preço que a sua consulta vale, mas analisar alguns pilares podem facilitar e embasar essa decisão, como, por exemplo:
Pilares da precificação:
• Custos (estrutura, equipe etc.) • Valor entregue com a teleconsulta • Análise da concorrência • Definição do público-alvo |
Russo defende que o preço de uma consulta on-line não deve ser diferente do preço de uma consulta presencial. Segundo ele, além de todos os parâmetros e princípios estarem presentes, pode haver uma necessidade de os médicos se capacitarem para a utilização da ferramenta.
“A teleconsulta é uma ferramenta da Medicina. O conhecimento do médico é o mesmo, a responsabilidade do médico é a mesma e a ética médica deve ser a mesma. Por isso, entendo que deve ser o mesmo valor da consulta presencial”, justifica.
Como divulgar o atendimento?
1. Comece pelos pacientes que você já tem
Aproveite as consultas que já estão ocorrendo presencialmente para informar que você oferece esse serviço à distância. Explique que na consulta de retorno, por exemplo, caso não seja necessário um exame físico, o acompanhamento pode ser on-line. Outra opção é oferecer essa possibilidade para os pacientes que utilizam medicação de forma contínua e precisam renovar as prescrições de tempo em tempo.
Também é interessante disparar uma mensagem pelo WhatsApp para os contatos salvos que você já tem para comunicar que atende por teleconsulta. Disponibilize ainda as informações necessárias para agendamento e esclarecimento de dúvidas.
2. Materiais informativos
Pensando nos pacientes que ainda têm dúvidas sobre como funciona a teleconsulta, disponibilizar um material informativo pode ser muito útil, além de ser uma maneira de divulgar o serviço. Esse material, que pode ser físico ou digital, pode conter as informações sobre o agendamento, explicar como funciona e dizer o que paciente precisa ter para aproveitar bem a teleconsulta (como enviar previamente os exames que ele tenha realizado, por exemplo). É fundamental considerar cada etapa da jornada do paciente, desde como ele chegou ao consultório até o pós-consulta.
3. Aproveite os recursos do Instagram
Uma ótima ferramenta para auxiliar na divulgação do seu atendimento via Telemedicina é o Instagram. Nessa rede social, existem vários recursos simples e que podem ajudá-lo a ser encontrado. Maysa utiliza a rede social e conta que essa é uma das estratégias para divulgar as teleconsultas. “Acho que essa é a tendência. É uma nova era”, acredita. Confira algumas dicas que podem ajudar o seu perfil a ser encontrado:
Com essas estratégias, os pacientes terão mais facilidade para encontrá-lo e para saber que você oferece o serviço que ele está buscando.
4. Vídeo explicativo
Uma outra ideia é gravar um vídeo explicando como funciona todo o processo que envolve a teleconsulta: como agendar, quanto tempo pode durar, como o paciente acessa a plataforma, como ele pode enviar os exames etc. Esse vídeo pode ser publicado em suas redes sociais e também pode ser fixado no topo do seu perfil, para ajudar a ser encontrado e a orientar os pacientes menos habituados com o tema.
Por fim, é importante que o médico se lembre que conhecer as oportunidades que existem para sua carreira, seja pensando de forma profissional ou pessoal, podem garantir mais satisfação com as suas escolhas e mais afinidade com a rotina. Além, é claro, de estar contribuindo para a atualização dos processos que envolvem a Medicina e otimizando tanto a qualidade quanto o acesso à saúde.