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Precisamos falar sobre teleorientação

Por:

Alice Selles

- 10/06/2020

Não é de hoje que tenho acompanhado com muito interesse as discussões sobre Telemedicina no Brasil. Até o início da pandemia de Covid-19, a Resolução CFM em vigor era a 1.643, de 2002 (em fevereiro de 2019, houve a tentativa de uma nova, mas ela foi revogada em poucos dias após sua publicação).

Na época, as entidades médicas protestaram quanto a essa iniciativa do Conselho Federal de Medicina, e esses protestos faziam sentido, já que o assunto foi pouco discutido e havia o temor do uso das ferramentas de comunicação e da tecnologia como uma forma de substituir o atendimento presencial, tão importante.

Veio a pandemia. Desnecessário falar sobre todas as alterações nos hábitos de vida que vieram com o isolamento social, mas uma delas impactou profundamente o cotidiano dos serviços de saúde: pacientes com diferentes condições de saúde interromperam seus acompanhamentos. Já ouvi diversas vezes que a conversa, a orientação médica, é parte fundamental do tratamento, e é nesse ponto que entra uma das modalidades da Telemedicina: a teleorientação.

A manutenção do contato entre o médico e seus pacientes por meio da teleorientação traz diversos benefícios, que vão além dos mais importantes e diretos, que dizem respeito à saúde dos pacientes. Manter contato por meio de um consultório virtual é importante para manter seus pacientes próximos e identificar aqueles que devem voltar ao tratamento imediatamente, além de manter seu nome, sua marca, como referência junto àqueles que podem esperar mais um pouco pela retomada.

Para quem prefere ignorar isso, lembro que muitos já tentaram ignorar outras manifestações das tecnologias da comunicação na prática médica no passado, mas isso foi em vão. Não é mais possível acreditar que os hábitos que adquirimos durante a pandemia irão desaparecer como mágica após seu fim. Na verdade, nenhum de nós deseja isso: todos já nos pegamos prometendo algum tipo de revisão nos velhos hábitos de vida, pré-pandemia. É ilusão achar que depois que tudo isso passar, a Telemedicina – em todas as suas modalidades – vai desaparecer. O momento para se preparar para essa nova realidade é agora.