Consolidar a carreira por meio de especializações é imprescindível. Não apenas pelo reconhecimento, mas pela ampliação da visão do mercado
Quando falamos sobre futuro, automaticamente pensamos em trabalho e, consequentemente, o associamos à escolha de uma profissão. Na juventude, é comum que essa escolha esteja relacionada a sucesso e à estabilidade, sobretudo se ambos vierem em poucos anos de trabalho. Por isso, a Medicina é sempre colocada no topo, tanto pelo aspecto remunerativo quanto pelo aspecto empregatício. Mas isso não significa que as exigências são menores nesse nicho.
Diante de tantas mudanças e de um cenário em que os pacientes estão cada vez mais conectados, a busca por referências em diversas áreas da Saúde cresce constantemente. Nesse sentido, consolidar a carreira por meio de especializações é imprescindível. Não apenas pelo reconhecimento, mas pela ampliação da visão do mercado de trabalho, que será um diferencial para esse profissional.
Entre diversas possibilidades, existem duas que são fundamentais para aqueles que desejam atingir esse patamar: a especialização e a superespecialização. A primeira é reconhecida a partir do título de especialista para atuar em determinada área da Medicina. Este pode ser obtido por meio de uma residência MEC ou por meio de uma prova realizada pela sociedade, federação, associação ou pelo conselho da especialidade. A segunda pode ser feita em seguida, de acordo com o que cada especialidade oferta.
É o caso da dermatologista Leila Bloch, que, segundo as legislações médicas e os conselhos Federal e Regional de Medicina, se tornou especialista em Dermatologia e subespecialista em cabelos, tendo como foco o tratamento da queda de cabelo e a cirurgia de transplante capilar. De acordo com a médica, o escopo dermatológico é um dos que mais oferece opções para superespecialização. “Essa área é bem estabelecida. Por exemplo: você pode estudar Cirurgia Dermatológica, Cirurgia Micrográfica de Mohs, hanseníase, unhas, cosmiatria, laser e cabelos, que é o meu caso”, reforça.
A especialista, que se formou há quase 20 anos, pontua que a principal vantagem de escolher uma especialização e uma superespecialização é o destaque, principalmente em cidades grandes, que contam com um número elevado de médicos. “Temos cada vez mais profissionais formados e o número de vagas de residência não está aumentando na mesma proporção. Então, é cada vez mais difícil ver um especialista com residência, com título de especialista, com Registro de Qualificação de Especialista. Por isso, ter uma visão ampla de mercado é importante. Faz você estar um passo à frente na tomada de decisões, podendo escolher os locais onde vai trabalhar e ter um crescimento sustentado da carreira”, reflete.
Leila enfatiza que o primeiro passo para essa decisão é definir o que gosta de fazer e aproveitar as oportunidades. “Na minha época, tinha pouco conteúdo de cunho acadêmico e científico, poucos estudos, poucos recursos, e eu tomei isso como um desafio. Acho que isso é um ponto em comum para quem escolhe a Medicina: se desafiar, querer ser o melhor, querer ajudar o seu paciente”.
A dermatologista também recorda o que a fez se interessar por sua superespecialização. “Quando vi alguns pacientes no ambulatório de estética, durante a minha residência, com próteses que não eram muito bonitas ou lenços na cabeça, me solidarizei e me interessei por eles. Busquei saber o que mais eu poderia fazer, além dos pacientes com alguma desordem hereditária que não têm cabelo”, conta.
Sendo a primeira e única médica da família, Leila Bloch analisa que a falta de uma orientação ao longo da graduação, durante e após a residência, faz falta para quem está tentando inserir-se no mercado. “Eu ficava um pouco desorientada por não ter, talvez, esse ‘apadrinhamento’, alguém para me auxiliar nesse sentido sobre o que fazer”, comenta.
Bloch ressalta, entretanto, que quando o profissional já sabe qual especialidade o atrai, esse direcionamento não se faz tão necessário. O importante é se aprofundar. “É interessante conversar com professores, residentes e veteranos, participar de congressos, das ligas acadêmicas, fazer iniciação científica. Tudo isso é importante para decidir em qual área você realmente quer atuar”, assegura.