A alimentação infantil e a família

Como o pediatra pode se aprofundar no assunto e encontrar material para orientar as famílias a desenvolver uma boa relação com a comida.

Um dos assuntos que fazem parte do dia a dia do pediatra – e podem ser complexos de abordar – é a alimentação infantil. Além de gerar dúvidas nos pais, este assunto causa impactos diretamente na saúde física e emocional das crianças e, por isso, deve ser tratado com cautela pelo pediatra. Em seu papel, é importante que o médico esteja preparado para esclarecer as dúvidas que forem levadas à consulta, além de estar munido de referências para orientar os pais e fornecer informações que melhorem a saúde e qualidade de vida de seus pacientes.

 

O que a SBP oferece

Quando o tema é a alimentação infantil, há uma série de aspectos que podem gerar dúvidas nos pais, como quais alimentos oferecer à criança na Introdução Alimentar ou como orientar adolescentes que sofrem com o peso fora do saudável. Por isso, mais do que uma lista de alimentos proibidos, é importante que o médico conheça as particularidades do assunto e os materiais disponíveis para auxiliar as diversas famílias que atender.

No site da Sociedade Brasileira de Pediatria, é possível encontrar alguns desses materiais. Os Departamentos Científicos de Nutrologia, de Aleitamento Materno e de Suporte Nutricional, por exemplo, publicam documentos científicos, notas e artigos importantes relacionados a alimentação infantil, incluindo o extenso Manual de Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria, que fornece orientações específicas para o Suporte Nutricional Pediátrico, principalmente, em crianças hospitalizadas. Há também o CANP – Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica, para os profissionais que desejam se aprofundar mais no tema.

Além desses artigos e documentos desenvolvidos exclusivamente na SBP, os departamentos científicos também divulgam links e materiais de referência de outras fontes, como o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Nutrição, que são de extrema relevância e merecem ser conhecidos dos pediatras, por conta dos benefícios que podem trazer à cultura alimentar familiar, e consequentemente, para a vida das crianças.

 

A alimentação da família

No site do Conselho Federal de Nutrição é possível encontrar na seção Biblioteca uma enorme coletânea de livros e publicações úteis, sendo um dos materiais de destaque o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. O documento fornece, em linguagem clara e popular, orientações para a alimentação saudável de brasileiros, considerando não apenas o valor nutricional dos alimentos, mas também sua função sociocultural. Apesar de não ser voltado exclusivamente para crianças e adolescentes, esse guia possui grande importância na Pediatria, pois considera a alimentação da família como um todo e fornece orientações para que os pais possam melhorar sua relação com a comida e, consequentemente, a das crianças também. Vale ressaltar que essa relação pode impactar toda a vida da criança – positivamente ou negativamente.

Outra publicação relevante desenvolvida pelo Ministério da Saúde, neste caso em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é o Guia “Desmistificando dúvidas sobre alimentação e nutrição”, que é voltado exclusivamente para profissionais de saúde e se propõe a esclarecer informações falsas, porém muito difundidas em relação à nutrição, com referências confiáveis ao fim de cada capítulo.

Já em relação à alimentação de crianças menores de 2 anos, o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, de 2019, é um material que se aprofunda no tema, abordando tópicos como a importância do leite materno, orientações para a Introdução Alimentar e os desafios do cotidiano.

Confira os 12 passos para uma alimentação infantil saudável que o Guia propõe e que podem ser compartilhados com as famílias de seus pacientes:

 

Doze passos para uma alimentação infantil saudável

  1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até os 6 meses;
  2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6 meses;
  3. Oferecer à criança água própria para o consumo em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas;
  4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno;
  5. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até os 2 anos de idade;
  6. Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança;
  7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família;
  8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família;
  9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a refeição;
  10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família;
  11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa;
  12. Proteger a criança da publicidade de alimentos.

 

Mesmo que a especialidade do pediatra não seja a nutrição, a alimentação é um tópico importante na vida das famílias e, portanto, faz parte do cotidiano na prática clínica. Por isso, uma forma de o médico impactar positivamente a vida de seus pacientes e de suas famílias é buscando aprofundar seus conhecimentos e fornecer os materiais disponibilizados por autoridades no assunto.