Entenda melhor os desafios enfrentados pelos pais e saiba como o pediatra pode lidar com a hesitação em relação à vacina
As vacinas ocupam um lugar de destaque quando o assunto é a prevenção de doenças e, em grande parte do mundo, elas estão presentes desde os primeiros dias de vida dos seres humanos. Resta pouca dúvida em relação a sua absoluta importância. Porém, ainda assim, com todas as incertezas que a pandemia de Covid-19 trouxe, alguns pais se sentem inseguros e se mostram hesitantes em relação à segurança das vacinas desenvolvidas para a doença. Com a divulgação do calendário de vacinação pelos órgãos governamentais, é possível que tais dúvidas cheguem aos pediatras durante as consultas e, por isso, para que cada vez mais crianças sejam devidamente imunizadas, é importante buscar as melhores formas de lidar com esses pais, entender suas particularidades e se preparar para orientá-los da melhor maneira possível.
A importância da interação face a face
Mesmo com a aprovação da Anvisa e o apoio do Ministério da Saúde, é somente na conversa “face a face” com o pediatra que muitas famílias se sentirão seguras e encontrarão a elucidação de suas dúvidas. No momento da consulta, é importante trabalhar para que seja estabelecida uma relação de confiança com os pais, de forma que eles possam se sentir encorajados a compartilhar suas dúvidas sem julgamentos. Além disso, deve ser aberto um espaço para que eles ouçam os contrapontos e adotem as orientações que mais beneficiarão a saúde de seus filhos.
Para estabelecer esse diálogo e reforçar a absoluta necessidade da vacinação infantil, é preciso ocupar uma posição de autoridade no assunto, entender que esses pais vivenciaram as inúmeras incertezas que a pandemia trouxe e que muitos estão cercados por informações dúbias em relação à imunização. Ademais, não se deve subestimar os desafios que as diferenças desta nova geração de pais, criados numa era digital, trazem.
Particularidades desta geração
Na matéria para o Universo DOC SBP “O que faz com que uma família escolha você para ser o pediatra da sua criança?”, a especialista em marketing e diretora da Selles Comunicação, Alice Selles, diz: “Os novos pais cresceram com a internet e são os nativos digitais. No Brasil, eles já são 80 milhões. O que isso significa? Significa que os hábitos deles de pesquisa, de consumo de informação e de relacionamento são diferentes daqueles que moldaram as gerações mais velhas”.
É preciso considerar que esta nova geração já chega na consulta com pressupostos e informações da internet que estão a um clique do Google – sejam essas informações verídicas ou não. Dificilmente eles acreditarão em respostas vagas sobre o assunto e, por isso, é muito importante contar também com materiais confiáveis e possuir argumentos embasados cientificamente para opor possíveis equívocos.
Em entrevista, o vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), Cláudio Hoineff, fala: “A gente tem que partir do princípio de que essa vacina da Pfizer foi aprovada pelo nosso órgão de fiscalização, a Anvisa, e não resta a menor dúvida de que certamente é segura. Ela é usada no mundo inteiro”. Ele acrescenta: “No próprio site da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) existem diversos documentos que falam da segurança da vacina, dentro da SBP existem departamentos científicos cujos presidentes da área de infectologia e de imunização publicaram diversos trabalhos e comunicados – e no próprio site da Soperj também”, reforçando o papel que as sociedades de especialidade têm desempenhado.
O papel das sociedades médicas
Como pontuado por Hoineff, as sociedades médicas brasileiras têm sido incansáveis na defesa das campanhas de vacinação e trabalhado para incentivar a adesão da população. “Lançamos um card em nosso site recomendando a vacinação contra a Covid-19 nas crianças de 5 a 11 anos. Existem matérias relacionadas a isso. Não tenha dúvida: existem muitos argumentos positivos para isso”. Em nota divulgada em 06 de janeiro, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apela à população para não temer a vacina, mas sim a doença. E, em apoio à nota, a Soperj, reforçou que as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo, e que a imunização é a chave para a redução de mortes por Covid-19.
Portanto, é possível e recomendado utilizar todo o material disponibilizado pelas sociedades e órgãos oficiais para comunicar autoridade e confiabilidade aos pais resistentes. As notas divulgadas pelas sociedades estão repletas de dados relevantes e podem fazer a diferença no consultório. De acordo com Hoineff: Os pais realmente ficam confusos e sem dúvida alguma isso aflige a nós, pediatras. Mas com a informação cientifica e acreditando na ciência, certamente os colegas saberão convencer os pais.