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Sociedades médicas e associações de pacientes: como funciona essa parceria?

Por:

Bruno Aires

- 02/10/2023

Sociedades médicas e associações de pacientes

Associações de pacientes lutam para garantir o melhor atendimento aos pacientes, enquanto as sociedades médicas ditam as diretrizes para o tratamento. Parceria entre elas gera benefícios para todos

Levar orientações para a população e incentivar a adesão dos pacientes aos tratamentos de suas doenças são algumas das funções das entidades médicas. Muitas vezes, no entanto, o foco fica mais concentrado na atualização dos médicos e na defesa profissional. Para não deixar de lado essas importantes ações, algumas entidades buscam parcerias com associações de pacientes e, com isso, colhem frutos interessantes.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Levimar Araújo, as entidades médicas e as associações de pacientes têm papéis complementares. “A sociedade médica dita as diretrizes para serem seguidas no tratamento. Já as associações de pacientes vêm com um trabalho complementar, de reivindicar que essas diretrizes sejam seguidas para que o melhor tratamento esteja disponível para todos”, avalia.

Segundo Araújo, a SBD tem uma característica que a diferencia de outras entidades: ela não agrupa apenas médicos entre seus associados. “Somos uma sociedade médica, mas que agrupa outros profissionais da Saúde, como nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, fisioterapeutas, dentistas e enfermeiros, além de médicos de várias especialidades, como endocrinologistas, oftalmologistas, nefrologistas, psiquiatras, cardiologistas, geriatras e pediatras”, explica.

Além disso, a atual gestão da SBD passou a ter um olhar também para o paciente: foi criado um núcleo de pessoas com diabetes e seus familiares. Nele, os pacientes têm participação ativa, sugerindo temas para serem atualizados e discutidos nos congressos e diretrizes da sociedade. “Nosso lema é ‘A SBD para a sociedade brasileira’. Por isso, a participação do paciente é tão importante. Tudo que fazemos é em benefício dele. Quando fazemos nossas diretrizes e promovemos um trabalho de educação continuada aos associados, é porque queremos melhorar o atendimento das pessoas com diabetes”, defende Araújo.

Levimar Araújo toma posse como novo presidente da SBD (2022-2023) Reprodução Web

Porta-voz do paciente

A parceria entre sociedades médicas e associações de pacientes, em geral, fica evidente durante campanhas realizadas em conjunto. No caso do diabetes, a SBD e a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (Anad) trabalham juntas ao longo do ano, mas o trabalho se fortalece em novembro, por conta da campanha Novembro Azul e do Dia Mundial do Diabetes, em 14 de novembro.

“As sociedades médicas são porta-voz dos profissionais e atuam basicamente na atualização e na educação continuada dos profissionais. As associações de pacientes são porta-voz dos pacientes. São dois pontos de vista diferentes. Quando se fala em diabetes, é preciso promover educação e informação e isso a associação de pacientes faz, provendo orientação, acolhimento e até mesmo atendimento multidisciplinar, com nutricionista, psicólogo e assistente social”, conta Fadlo Fraige Filho, presidente da Anad.

De acordo com o presidente da associação, o paciente diabético hoje, no Brasil, depende basicamente do atendimento na rede pública de saúde e não encontra o atendimento necessário para o seu acompanhamento. Além disso, a grande maioria não adere ao tratamento, sem conseguir atingir as metas de tratamento preconizadas. Com o suporte da associação de paciente, esse quadro pode ser diferente.

“No nosso país, 80% da população é dependente do SUS e isso aumentou muito depois da pandemia. Para o paciente diabético, ter todas as orientações importantes em uma consulta de cinco a dez minutos é difícil. A educação no diabetes é fundamental, porque o grande desafio é que a maioria dos pacientes não adere ao tratamento. Ou seja, não eles têm compromisso com eles mesmos e com a doença”, lamenta Fraige Filho.

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