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Por que a sociedade médica precisa se aproximar do residente?

Por:

Bruno Aires

- 19/12/2023

Em entrevista ao Universo DOC, Clarissa Baldotto, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), conta quais ações podem aproximar sociedades médicas e residentes

Durante muitos anos, as sociedades médicas encontraram um desafio: como se comunicar diretamente com os médicos residentes, já que muitas vezes o diálogo era com os coordenadores e preceptores de residência? Nos últimos anos, com o avanço tecnológico e o advento das mídias digitais, novos canais de comunicação puderam ser criados, encurtando o caminho entre as sociedades médicas e os jovens residentes. Hoje, as sociedades médicas já perceberam a importância de falar com o profissional mais jovem.

A equipe do Universo DOC conversou com a oncologista clínica Clarissa Baldotto, que integra a diretoria atual da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), além de membro do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da mesma sociedade. Em uma entrevista especial, ela fala sobre a importância de as sociedades médicas promoveram ações voltadas para o médico residente, lembrando que a comunicação com esse público precisa se adaptar à realidade das gerações mais novas. Leia a entrevista a seguir:

Universo DOC – Um dos caminhos mais tradicionais para as sociedades falarem com o médico residente é por meio do diálogo com coordenadores e preceptores de residência. Porém, hoje, há meios de se falar de maneira mais direta com o residente. Que ações a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) promove para falar diretamente com o residente?

Clarissa Baldotto O último censo da Oncologia mostrou que a maior parte dos oncologistas é jovem. Então, tem sido um esforço da SBOC tentar se comunicar melhor com esse público, para que eles já possam participar das nossas atividades desde a sua formação. O site da SBOC, por exemplo, tem canais da Escola Brasileira de Oncologia, com aulas e acesso a revistas médicas. Temos também atividades de revisões, preparando para a prova de título de oncologista clínico. Em 2023, realizamos um evento novo, chamado Terminei a residência: e agora?, para discutir desenvolvimento de carreira, desafios e oportunidades, além da parte técnica. Em 2024, queremos incrementar mais ainda essa comunicação com os residentes. Além disso, existe a Gincana dos Residentes de Oncologia e Acadêmicos de Medicina, que é uma atividade para engajá-los durante o ano todo com perguntas em uma competição.
No último ano, a final dessa competição foi feita ao vivo no congresso, com uma premiação para que os residentes possam participar de congressos internacionais. Outra iniciativa foi a criação do Comitê de Jovens Oncologistas, que é dedicado para planejar ações para os jovens médicos.

“Uma das missões do Comitê de Jovens Oncologista é criar canais de comunicação que estejam mais de acordo com a nova geração de médicos, para que possamos ter uma comunicação mais franca com eles”

Clarissa Baldotto

UD – Qual é a importância de se manter um canal direto com o residente? O que isso traz de positivo para a sociedade médica?

CB – Como mencionei, a Oncologia é uma especialidade jovem, por isso demanda atualização o tempo todo. Então, entendemos que é muito importante conversar com os residentes para que eles, desde a residência, se envolvam nas atividades associativas. Além disso, esse engajamento deles nos permite entender também quais são as demandas e os desafios que eles têm para a sua formação. A SBOC pode, assim, atuar desde o início, auxiliando na formação e no plano de carreira desses residentes.

UD – O tipo de abordagem e a forma de se comunicar deve ser diferente para o residente do que seria para um médico mais experiente?

CB – Sim, a comunicação tem que ser diferente. Primeiro, porque os anseios, as demandas e as necessidades são diferentes do jovem oncologista, comparando com o oncologista mais sênior. Eles têm uma demanda de conteúdo científico muito alta. Entendemos, ainda, que eles têm muito anseio e muita ansiedade pelo planejamento de carreira, de como iniciar na profissão. A SBOC vem agindo para ajudá-los nesse sentido e pretende se dedicar ainda mais para encontrar formas de ajudá-los nesse cenário. Sem dúvida, a comunicação precisa ser diferente e, hoje, ela precisa ser sempre atualizada, pois tudo muda o tempo todo.