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Sociedades médicas e o fomento à inovação em Saúde

Por:

Bruno Aires

- 21/05/2024

A tecnologia vem revolucionando o dia a dia da Medicina. Por isso, estar por dentro do assunto e incentivar a busca por inovações são ações que as sociedades médicas podem fazer

Inovação é uma palavra que vem sendo utilizada cada vez com mais frequência na área da Saúde. Afinal, nas últimas décadas, os cuidados com o paciente vêm passando por uma verdadeira transformação, muitas vezes causada pelas mudanças tecnológicas no atendimento, no diagnóstico e no tratamento de doenças. Se a inovação se faz tão presente hoje, como as sociedades médicas podem acompanhar e incentivá-la junto aos seus associados?

Para o oftalmologista Alexandre Rosa, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e especialista com MBA em Marketing e Gestão, a inovação em Saúde é crucial para o avanço da Medicina. “Cada vez mais, as empresas da área de Saúde são impactadas pela tecnologia. Pensando nisso, as sociedades médicas têm um papel fundamental, pois podem estimular a pesquisa, o desenvolvimento de novas tecnologias e a adoção de práticas inovadoras entre seus membros”, afirma.

Entre as ações que as sociedades médicas podem fazer com seus associados, está o apoio às startups de Saúde – empresas jovens e inovadoras com um modelo de negócio escalonável e que pode impactar a sociedade. “As startups são, frequentemente, forças motrizes por trás de tecnologias disruptivas. Apoiá-las pode acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras para o mercado de Saúde”, avalia Rosa.

Despertando interesse

Um dos desafios para as sociedades médicas, sem dúvida, é como despertar o interesse de seus associados para as questões ligadas à inovação. Segundo Alexandre Rosa, as ações devem sempre demonstrar como a inovação pode melhorar a prática médica e os resultados dos pacientes.

Estima-se que cerca de um terço do tempo do médico seja gasto hoje no preenchimento de papéis e de formulários relacionados às consultas e aos procedimentos. A tecnologia nos permite destinar nosso tempo com o que é mais precioso aos nossos pacientes: o acolhimento”.

Alexandre Rosa, oftalmologista e MBA em Marketing e Gestão

O médico ressalta, no entanto, que o olhar para a inovação varia entre os médicos. Alguns podem estar totalmente envolvidos, enquanto outros não percebem sua importância. As gerações mais jovens tendem a vê-la como uma parte natural da sua carreira, devido à familiaridade com a tecnologia. “A tecnologia jamais substituirá o médico, mas os que não a usarem a seu favor ficarão para trás”, alerta.

Como as sociedades médicas podem incentivar a inovação?

  • Palestras em congressos: são um excelente ponto de partida, pois educam e inspiram seus associados sobre as últimas inovações.
  • Discussão em canais oficiais e redes sociais: postagens, lives e outras ações on-line ajudam a manter os associados informados e engajados com as tendências da Medicina.

Maratona

Outra forma de incentivar a inovação entre os associados é com a realização de eventos específicos para discutir o assunto. Nesse contexto, nos últimos anos, os hackathons vêm se tornando frequentes na área da Saúde. Um hackathon é como uma maratona: um evento no qual pessoas (de preferência, as mais diversas possíveis) se reúnem para colaborar intensivamente para criar soluções (de software ou hardware) em um curto período de tempo, com o objetivo de resolver um problema específico.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) é um exemplo de sociedade que vem investindo na inovação em Saúde. Desde 2023, o CBO realiza no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) o OftalmoHack, um hackathon que busca desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para a saúde ocular.

Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)

Alexandre Rosa integra a comissão organizadora do evento. Em 2024, o OftalmoHack acontece em um final de semana, entre 19 e 21 de julho “A grande beleza do hackathon é a diversidade, pois ele possibilita a interação de pessoas de diferentes áreas, cada uma trazendo seu conhecimento e suas sugestões para solucionar o problema proposto no evento. A participação dos oftalmologistas têm sido ativa”, conta Rosa.

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