O Rio de Janeiro foi palco para XXIII edição do Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. Organizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), diversos oncologistas e áreas correlatas estiveram presentes entre os dias 03 e 05 de novembro no que é considerado o maior congresso da especialidade no Brasil. Foram quase 3 mil congressistas interagindo ativamente nas sessões.
“Estamos muito felizes com o XXIII Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. Está sendo uma grande oportunidade para que nós possamos encontrar colegas e discutir as novidades no tratamento do câncer. Além disso, estamos tendo uma oportunidade ímpar de discutir políticas públicas de saúde em relação a prevenção e tratamento do câncer. Durante toda minha gestão enfatizei bastante a importância da ciência e da educação continuada, principalmente para os jovens oncologistas que estão chegando agora no mercado de trabalho”, afirma Paulo Hoff, presidente da SBOC.
Com o lema “Ciência e Cuidado” esta edição foi marcada pela diversidade na programação científica. Temas como políticas públicas de saúde, marketing digital para médicos e microbiota em oncologia complementaram as tradicionais apresentações. “A programação científica foi de excelência.
Tivemos mais de 130 palestrantes, sendo 18 convidados internacionais. Além disso, recebemos um grande prestígio dos nossos pesquisadores, com cerca de mil submissões de artigos para apreciação. A seleção foi muito difícil, mas tivemos que escolher apenas 100 trabalhos para serem apresentados nesta edição. Outro ponto alto é que nossa programação foi bastante diversa, estimulada pela nova iniciativa da SBOC para incluir nossos associados nas decisões. Este ano decidimos aceitar a sugestão de temas para incluir em nossa programação, como foi o caso da sessão que debateu sobre microbiota em oncologia”, explica Gustavo Fernandes, presidente da Comissão científica SBOC.
Lançamento – Oncologia de precisão
Durante a XXIII edição do Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, foi realizado o pré-lançamento do livro “Oncologia de Precisão”, coordenado pelos Drs. Dr. Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas, Mariano Zalis, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Oncoclínicas, Rodrigo Dienstmann, diretor do programa de Medicina de Precisão da Oncoclínicas – São Paulo, Jorge Reis Filho, diretor de Patologia Experimental no Memorial Sloan Kettering Cancer Center em Nova Iorque, e Bruno Lemos Ferrari, presidente do Grupo Oncoclínicas.
O livro “Oncologia de Precisão”, organizado pelo Instituto Oncoclínicas e produzido pela DOC, veio para esclarecer de maneira abrangente o tema, discorrendo sobre as diversas áreas da oncologia que o cercam. Durante os capítulos, os autores abordam as áreas da Oncologia em que muitas descobertas vêm revolucionando os prognósticos, como os cânceres de pulmão, de mama, de cabeça e pescoço, de sistema nervoso central (SNC), gastrointestinais, ginecológicos, hematológicos e geniturinários, além dos tumores raros.
“A Medicina de Precisão é uma das prioridades do Grupo Oncoclínicas. Nos últimos quatro anos temos dedicado grandes investimentos para este projeto, tanto em estrutura, quanto, principalmente, na qualificação de um time de ponta a nível global para sua execução. Ressalto que um dos pontos mais importantes que envolvem a Medicina da Precisão, mas precisamente a Oncologia de Precisão, é a educação médica continuada. Sabendo disso, e alinhado às nossas propostas, tivemos a ideia de lançar o livro ‘Oncologia de Precisão’. Foi uma obra elaborada ao longo do último ano, com a presença de grandes especialistas nacionais e internacionais. Nosso objetivo com o livro é trazer o que tem de mais moderno em termos de conhecimento sobre a aplicabilidade da Medicina de Precisão no dia a dia do médico oncologista”, ressalta Carlos Gil.
Lançamento – Câncer de Mama: a visão do Mastologista para residentes de Oncologia
Dando continuidade a uma iniciativa certeira do Instituto Oncoclínicas, foi lançado mais um livro que compõe a coleção de sucessão “Câncer de Mama”, com foco em residentes. Após duas edições da versão que mostra a visão do oncologista para residentes em mastologia, durante o XXIII CBOC foi lançado oficialmente a versão “Câncer de Mama: a visão do Mastologista para residentes de Oncologia”, produzido pela DOC e coordenado pelos Drs. Aline Coelho Gonçalves, coordenadora de ensino do Grupo de Mama – Oncoclínicas, Carlos Gil, presidente do Instituto Oncoclínicas, Bruno Lemos Ferrari, presidente do Grupo Oncoclínicas, Max Senna Mano, líder nacional de câncer de mama do Grupo Oncoclínicas, e Rafael Henrique Szymanski Machado, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia RJ (2020-2022).
Em ambos os livros todos os capítulos foram escritos por especialistas renomados, tendo como base uma linguagem clara e objetiva sobre os conceitos que envolvem o diagnóstico e tratamento do câncer de mama. O intuito do Instituto é informar, educar e instruir, levando sempre uma educação médica continuada de qualidade e com seriedade.
“É com imenso prazer que estamos lançando a primeira edição do livro ‘Câncer de Mama: a visão do Mastologista para residentes de Oncologia’. Nesse livro tivemos o privilégio de reunir os principais especialistas mastologistas do Brasil. Cada capítulo foi escrito com uma linguagem facilitada para que todos os residentes de oncologia pudessem compreender de forma rápida e clara sobre a cirurgia do câncer de mama”, conta Aline Coelho Gonçalves.
Network e desenvolvimento profissional na era digital
Entre os destaques da programação, a novidade estava ligada aos temas que envolvem o marketing digital. Denyze Santos da Silva, especialista em carreira e LinkedIn Top Voices 2022, foi responsável por mostrar os benefícios que essa plataforma pode agregar para desenvolvimento profissional na carreira médica. A especialista, que recentemente atingiu a marca de 500 mil seguidores no LinkedIn, mostrou como o desemprego e a falta de oportunidades em meio a pandemia a fizeram se reinventar para sua guinada profissional.
Segundo Denyze, para quem quer se destacar nesta plataforma, é fundamental estar ativo e promover debates interessantes nas áreas em que atua. Para isso, três ações são fundamentais:
- Estruturação do perfil: é muito importante que o perfil esteja organizado para que as pessoas possam entender qual sua expertise, suas experiências profissionais e referências. Uma boa foto de perfil e capa, com descrição completa das competências, cargos e cursos são fundamentais;
- Criação de conteúdo: seja ele live, newsletter ou posts, o importante é se comunicar e mostrar que está por dentro das atualizações do mercado. A plataforma também é uma fonte de informação, onde é essencial transmitir a experiência própria e ou conhecimento para que possa fazer a diferença na área;
- Posicionamento: é importante ressaltar que o LinkedIn não é apenas uma plataforma de currículos, e sim de relacionamento e troca de informações. Sendo assim, é importante valorizar o seu posicionamento dentro da plataforma para aumentar seu network, trazendo conteúdo relevante e com credibilidade.
A especialista falou ainda sobre os principais erros cometidos nesta plataforma, são eles:
- Ter um perfil incompleto;
- Publicar de forma incorreta;
- Não criar uma rede profissional e só manter conhecidos;
- Não ter cuidado com o que está vinculado a sua imagem;
- Não aproveitar as conexões que o LinkedIn oferece.
O papel das Sociedades Médicas no cenário de Infodemia
A seguir, Ricardo Machado, diretor da Magic Comunicação Estratégica, falou sobre o cenário de Infodemia que estamos vivendo atualmente e qual papel das sociedades médicas frente a esse acontecimento. Segundo o palestrante, não estamos apenas combatendo uma pandemia, mas também uma infodemia, com notícias falsas se espalhando mais fácil e mais rápido que o vírus da COVID-19, mas igualmente perigosos. Infodemia é uma palavra que surgiu em 2003, logo após a crise da SARS, através do jornalista David Rothkopf quando em uma entrevista se referiu a uma “epidemia de informação que transformou a SARS, de uma crise de saúde regional chinesa, em um desastre econômico social global”.
A Organização Mundial de Saúde reconheceu a expressão, e classificou como uma superabundância de informações que podem ocorrer durante uma pandemia, algumas delas exatas e outras não. Fator esse que pode levar a confusão e, em última análise, à desconfiança das autoridades governamentais e da resposta da saúde pública. Para Ricardo, há três razões pelas quais as pessoas criam a desinformação, são elas:
- Monetização
- Polarização
- Politização
Para combater esse cenário, o especialista listou algumas iniciativas que podem ser feitas por sociedades médicas e profissionais da saúde:
- Promover e defender a ciência;
- Desenvolver e utilizar habilidades de escuta ativa;
- Investigar os modelos de entendimento do paciente/população;
- Estimular o diálogo e ouvir de forma empática;
- Exercitar a boa comunicação, sem uso abusivo do jargão técnico;
- Criar canais de acesso à informação de verdade, com credibilidade;
- Apoiar as iniciativas de instituições científicas e as individuais;
- Fazer desse esforço uma causa;
- Investir no marketing de conteúdo.
O médico TikToker. Qual o limite?
Na sequência, Dra. Marina Sahade, oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, falou sobre qual o limite para o profissional da saúde nas redes sociais. Com o crescimento da era digital, o médico deixou de ser a voz universal e o único detentor do conhecimento. Hoje temos uma medicina mais centrada no paciente, onde ele passa a ser também o detentor da informação e a participar do processo de decisão ativamente. Essa mudança fez com que muitos especialistas se reinventassem para se adaptar a nova realidade. É comum ver o dia a dia do médico nas redes sociais, fator esse que pode aproximar ainda mais a relação médico-paciente.
Segundo a especialista, é muito importante que o médico esteja presente, para que seja uma fonte segura de informações para os pacientes que são, frequentemente, bombardeados com uma série de fake news sobre o tratamento das doenças. Uma pesquisa realizada recentemente mostrou que 1 em cada 20 pesquisas realizadas no Google é sobre saúde. Ou seja, há uma grande procura por informações que precisa ser suprida com credibilidade e embasamento que só um médico pode oferecer.
No entanto, é preciso entender que há um limite do que deve ou não ser publicado. Por exemplo, segundo Dra. Mariana, além das questões éticas envolvidas, os pacientes não querem acordar, tomar seu café da manhã e abrir seu perfil se deparando com fotos de cirurgias acontecendo. É desnecessário e desinformativo. Há várias de formas de mostrar seu dia a dia e sua rotina sem expor o sensacionalismo.
Infelizmente a normativa do CFM que regula as boas práticas médicas nas redes sociais ainda é de 2011. E, num mundo onde avançamos tecnologicamente com muita avidez, essas regras já ficaram quase que ultrapassadas, pois não englobam muitos canais que temos hoje, mas que não existiam naquela época. No entanto, esse ano foi publicado um “Guia das Boas Práticas nas Redes Sociais para Médicos”. Trata-se de uma publicação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo para nortear os profissionais sobre a correta utilização dos canais digitais.
Workshop: o bê-á-bá das redes sociais para médicos
Finalizando a sessão de marketing digital, Lucas Bonanno, gerente de Comunicação da SBOC, e Eduardo Ramos, CEO e fundador do Grano Studio, apresentaram o workshop “O bê-á-bá das redes sociais para médicos”. Os especialistas explicaram primeiramente os conceitos das redes sociais, e qual a importância delas para os médicos. É fundamental que os profissionais da saúde entendam o poder que um perfil na rede social pode proporcionar à sua carreira e para seus pacientes. São ferramentas que podem, além de permitir uma maior interação entre médico e paciente, trazer autoridade para o especialista. Dentre os benefícios listados em aula podemos destacar:
- Credibilidade
- Visibilidade
- Referência
- Relacionamento com o paciente
Muito se fala sobre o algoritmo das redes sociais, e como eles podem contribuir para que seu conteúdo viralize ou se torne um fracasso. Esses algoritmos são como robôs, que identificam o comportamento dos usuários para que possam oferecer a melhor experiência de acordo com seus interesses. Eles são responsáveis por entregar seu conteúdo para mais ou menos pessoas. Segundo Eduardo, é importante ficar atento aos detalhes dos algoritmos para que seu conteúdo seja postado assertivamente, tendo um maior alcance. Para isso, é importante se atentar para os seguintes tópicos na hora da construção da estratégia digital:
- Atividade do usuário
- Histórico de interação com a pessoa que postou
- Informações sobre o conteúdo
- Informações sobre a pessoa que postou
E para usar as redes sociais de maneira assertiva, na sequência os especialistas mostraram na prática o resumo de algumas ferramentas importantes para todo profissional da saúde e como eles podem melhorar seu posicionamento digital.
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