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Inadimplência, baixo engajamento e como as sociedades podem reverter esse quadro

Por:

Bruno Aires

- 13/04/2023

A falta de envolvimento do associado com as ações que as entidades médicas promovem pode gerar inadimplência e afastamento do profissional com a sociedade que o representa. Em uma entrevista especial, falamos como esse quadro pode ser revertido pelos dirigentes das sociedades

Um dos grandes desafios que as entidades médicas enfrentam é garantir a permanência dos profissionais no seu quadro de associados. Muitas vezes, o médico se associa a uma sociedade de especialidade, mas, depois de um tempo, deixa de pagar a anuidade, se tornando inadimplente, ou mesmo se mantendo como associado, se envolve muito pouco com as ações que a sociedade realiza.

Para falar sobre como é possível reverter esse quadro de baixo engajamento dos associados, o Universo DOC conversou com o cirurgião vascular Breno Caiafa, secretário geral da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Além do atual cargo na associação nacional, ele já foi presidente e diretor de eventos da regional Rio de Janeiro da SBACV, o que lhe trouxe anos de experiência no associativismo. Leia a entrevista a seguir:

DOC – Qual é a importância do associativismo para o profissional de Saúde?

Breno Caiafa – Uma associação tem como objetivo servir os seus integrantes em diversas causas, na categoria em que atuam. Essa união tem como principal objetivo o de conquistar finalidades comuns, reforçar a representatividade do segmento e defender os interesses dos associados. É a forma de se lutar pela democracia, pela igualdade de direitos e pelo reconhecimento do trabalho. É a forma de união daquela comunidade ou profissão para lutar por objetivos comuns. O exercício da Medicina vai muito além de estudarmos, nos formarmos e iniciarmos nossa atividade profissional. Existem lutas que não vencemos sozinhos e isso passa pelo entendimento que a união dos profissionais da categoria aumenta as chances de conquistas. A entidade representativa deve trabalhar para entregar ao associado, independentemente de seu momento pessoal ou de carreira, motivos que lhe façam sentir que integra uma sociedade essencial em suas atividades e que também colabora para construir um futuro mais promissor aos associados atuais e para as novas gerações.

 

DOC – Como a entidade médica deve lidar com a inadimplência dos associados?

BC – As dificuldades financeiras fazem com que os profissionais selecionem suas prioridades de investimentos e de gastos. A inadimplência é proporcional às dificuldades financeiras e à importância que uma entidade representa para o associado. A credibilidade e o reconhecimento de que a entidade médica está entregando resultados ou pelo menos se mobilizando para esse objetivo é o termômetro do pertencimento. A inadimplência pode ser o sinal de alerta para entendermos se estamos atingindo esse objetivo ou não. Precisamos pensar simplesmente em direcionar nossas ações para facilitar a vida dos associados e a dos nossos pacientes: olhar ao redor, escutar e descobrir algo que incomoda e o que pode ser feito para ser melhorado. Temos mais força do que imaginamos. Precisamos cada vez mais estarmos unidos e pensarmos no coletivo, para juntos enfrentarmos as crises do nosso país.

 

DOC – A inadimplência pode ser um indício de que há um baixo engajamento do associado com as ações propostas pela entidade médica?

BC – Talvez a grande falha das entidades em seus trabalhos seja não se comunicar eficazmente com os associados ou, pelo menos, saber escutá-los. É preciso informar melhor sobre as ações e os serviços disponíveis, pois muitos ainda desconhecem suas vantagens. Ao mesmo tempo, o associado precisa se envolver com a entidade médica, passando a integrar o grupo e, com isso, perceber que sua voz passará a ser ouvida e de que estará contribuindo para o crescimento profissional do grupo. Precisamos achar o equilíbrio nos momentos de incertezas. Também devemos estar juntos e fortes para mostrar nosso valor como médicos e especialistas e para cobrar o reconhecimento da nossa profissão.

 

DOC – Como reverter essa situação? Ou seja, o que fazer para aumentar o engajamento do associado com a entidade que o representa?

BC – É preciso considerar que os associados e potenciais associados vêm de realidades e gerações diversas e, portanto, têm graus de interesse diversos e consomem informações de modos diversos. Muitas diretorias têm se mergulhado sobre essas questões, buscando ampliar a oferta de serviços e diversificar as formas de acesso dos associados a eles. Hoje, parcerias podem ser realizadas com empresas que oferecem aos membros aquilo que tem se mostrado como as maiores carências ou dificuldades na prática de nossas especialidades, oferecendo um mix de oportunidades para acesso a tais serviços. Com gestões participativas, ouvindo e pensando nos associados, diretoria pode atuar potencializando projetos já estabelecidos e canalizando forças para novas ideias e novas oportunidades. A renovação de cada diretoria faz também com que as energias se renovem e novas ideias surjam, fortalecendo e superando melhor as dificuldades. Precisamos ter foco, usar a força que temos e seguir com determinação.

 

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