É possível divulgar seus serviços e atrair mais pacientes aumentando a visibilidade nas redes sociais, mas profissionais da Saúde devem manter constante atenção à ética médica
O marketing médico, utilizando as atuais ferramentas digitais e redes sociais, é uma ótima ferramenta para profissionais de Saúde que desejam aumentar sua visibilidade e atrair mais pacientes. No entanto, o uso responsável dessas ferramentas é um aspecto crucial.
Pensando nos desafios enfrentados por muitos médicos ao investir nesse tipo de ação, a Revista DOC conversou com José Netto, CEO da iniciativa Acelerador Médico, que apontou dois grandes desafios para uma boa comunicação nas redes sociais:
Medo
Os médicos têm medo de a iniciativa não dar certo e de serem julgados. “O que meus colegas e meus pacientes pensarão de mim? Será que acharão que estou desesperado? Ou que virei um marqueteiro e estou passando por cima das regras do CFM?”, enfatiza Netto.
Tempo
É necessário saber gerenciá-lo dentro da rotina corrida de um médico. “Cirurgias, consultas, estudos, cursos, aperfeiçoamentos: quando chega em casa cansado, não tem semblante. Na cabeça dele, não tem tempo de gravar um vídeo, principalmente quando ele nunca fez, pois precisa de um preparo”, comenta.
Esses desafios podem ser um impedimento para o médico conseguir usufruir do marketing e se comunicar de maneira efetiva nas redes sociais. O profissional precisa saber como vencer esses obstáculos e ter o marketing como seu aliado. Por isso, José Netto deixa algumas dicas importantes:
1. Encare como um trabalho
Estar presente nas redes sociais não pode ser encarado como diversão, pois é algo que gera resultado tanto para o médico quanto para os pacientes. Assim, o profissional poderá atrair mais pacientes qualificados e dispostos a pagar um valor justo pelo serviço prestado, porque veem nele um diferencial.
“Ele precisa ser estratégico e tem que aprender que há ciência por trás disso, não é meramente empírico. Se ele for estratégico, souber o porquê de cada palavra, o timing das coisas, ele não perde tempo, porque cada ação dele gera um resultado. Não fica difícil, nem caro ou oneroso”, assegura Netto.
2. Deixe o amadorismo de lado
Não use suas redes de forma amadora. Exponha conteúdos de alta qualidade, sejam eles imagens, vídeos ou áudios: isso agrega valor ao seu conteúdo. Utilizar conteúdos de baixa qualidade pode atrapalhar seu alcance nas redes sociais.
3. Aprenda com o próximo
Não inicie a sua jornada nas redes sociais pensando que sabe tudo ou fazendo tudo na base do achismo. É importante que nesse momento você esteja aberto a aprender com o próximo e um pouco a cada dia. “Não faça nada de forma empírica, achando que você já sabe: aprenda com as pessoas. Além disso, seja constante. Não adianta fazer um monte de vídeos em um final de semana e passar um mês sem postar nada”, explica o especialista.
4. Aprenda com você mesmo
Se a sua estratégia incialmente não der resultados, assuma a responsabilidade, aprenda com as falhas e faça diferente. Mesmo quando estiver tendo sucesso, esteja aberto a continuar aprendendo e evoluindo. Não fique estagnado nem permaneça na mesmice, para que a sua performance não seja afetada.
5. Tenha sinergia
É necessário perceber que a sinergia é algo muito importante para a comunicação do médico nas redes sociais, tanto no posicionamento digital quanto no consultório. As cores têm que se comunicar entre si: use as mesmas cores nos receituários, no Instagram e no seu site – ou seja, gere uma identidade visual. Mas não se trata somente de ter atenção às cores. As falas do profissional também têm que estar em concordância com a vida dele para gerar credibilidade. “A comunicação não é só verbal: é postura, corpo, sorriso, expressões. Tem que se preocupar também com a experiência, obviamente, porque não adianta fazer de tudo para atrair o paciente e no consultório ele não ter a experiência como prometido”, comenta.
Atenção às novas regras da publicidade médica
Em 13 de setembro de 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma nova resolução que muda as regras para a publicidade médica em todo o país. Conheça a Resolução CFM nº 2.336/2023, que passa a valer oficialmente a partir de março.
De acordo com José Netto, a nova resolução do CFM prevê uma liberdade maior para o médico divulgar seus trabalhos e empreender, mas não de qualquer jeito. O profissional terá que prezar cada vez mais pela qualidade. “Isso mudará demais a prática médica, porque, até então, o médico não podia empreender em negócios afins à Medicina. De forma geral, cada vez mais o consultório tenderá a ser cuidado como um negócio, que tem clientes e precisa profissionalizar seus serviços, com entrega, venda e pós-venda. A forma de atrair os clientes até ele é por meio do marketing”, ressalta. |
O que diz a resolução da publicidade médica?
- Uso de imagens do paciente: está permitido usar imagens de pacientes. Elas devem vir acompanhadas por um texto educativo e sem identificar o paciente. Isso vale também para imagens de antes e depois.
- Anúncio de pós-graduação: caso o médico possua pós-graduação, poderá anunciá-la, mas deve incluir ao lado a expressão NÃO ESPECIALISTA dessa forma, em caixa alta.
- Serviços e valores: agora é permitido divulgar o preço de consultas e as formas de pagamento e realizar campanhas promocionais. O médico também pode anunciar a aplicação de órteses, próteses, fármacos, insumos e afins, desde que descreva as características e as propriedades dos produtos utilizados.
- Equipamentos: o médico pode anunciar aparelhos e recursos tecnológicos da sua clínica, desde que aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autorizados pelo CFM.
- Trabalhos educativos: estão permitidas a organização de cursos e grupos de trabalho educativos para leigos e a divulgação dos valores. Além disso, cursos, consultorias e grupos de trabalho para discussão de casos clínicos ou atualizações também podem ser ofertados, mas apenas para médicos com CRM ou estudantes de Medicina.
- Veículos de comunicação: em entrevistas a qualquer veículo ou canal de comunicação, o médico deve se portar como representante da Medicina e não usar o momento para conseguir pacientes ou pleitear exclusividade de métodos diagnósticos e terapêuticos.