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Quando as provas de títulos vão além da Medicina

Por:

Bruno Aires

- 14/01/2025

Conhecimentos sobre tecnologia, Telemedicina, bioética e publicidade médica já fazem parte das provas de títulos. Ou seja, as sociedades, hoje, veem a necessidade de uma formação mais completa do especialista.

Hoje, no Brasil, são reconhecidas 55 especialidades médicas. Para um profissional ser reconhecido como especialista, uma das formas possíveis é por meio da realização da prova de título de especialista, que fica a cargo das sociedades de especialidades médicas afiliadas à Associação Médica Brasileira (AMB).

Mais do que apenas verificar os conhecimentos técnicos do profissional, muitas dessas provas vêm aferindo o preparo do médico para outras questões que vão além da Medicina.

GIF - Matéria UD - Revista DOC #90 (1)

Comunicação, tecnologia, ética, bioética, publicidade médica e Telemedicina são temas que já foram abordados recentemente em provas de títulos de sociedades de especialidades médicas. Um exemplo é o que a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) vem realizando nas últimas edições da sua prova de títulos. Segundo Josecy Peixoto, presidente da Comissão do Título de Geriatria da SBGG, o intuito é garantir uma formação mais completa do médico.

Temas como avanços tecnológicos na Medicina, ética, bioética e comunicação eficaz perpassam por todos os processos contemporâneos de formação do médico e são pertinentes para a abordagem do paciente, de forma a atender suas necessidades, compatíveis com a tecnologia do cuidado, ponto fundamental na assistência à pessoa idosa”, ressalta a geriatra.

Josecy destaca, ainda, que a sociedade, na elaboração do Título de Especialista em Geriatria (TEG), também usa como base a matriz de competências da Geriatria, documento publicado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) com as diretrizes para a formação do especialista nos programas de residência.

“O fato de o TEG abordar esses temas aponta para a exigência da SBGG ao respeito à matriz de competência em Geriatria, tanto para os que querem se tornar especialistas, como para os cursos formadores. A SBGG vem trabalhando no cadastro de cursos que atendam aos critérios exigidos na matriz e delineando o diálogo com os programas de residência médica em todo o país”.  

Josecy Peixoto, presidente da Comissão do Título de Geriatria da SBGG

Em consonância com as novas gerações

A abordagem que vai além da prática clínica e do conhecimento técnico da Medicina nas provas de títulos é uma tendência que se observa em várias sociedades médicas. Segundo Josecy Peixoto, esse novo olhar das entidades está em consonância com o que as novas gerações desejam e vivenciam.

“Os médicos recém-formados estão, na sua maioria, muito interessados em tecnologia e em gestão. Quando os seus cursos não oferecem esses conhecimentos, os médicos procuram por eles fora da graduação”, afirma.

Porém, a presidente da Comissão do TEG sinaliza que há preocupações em relação a como esses diferentes saberes estão sendo absorvidos pelas novas gerações.

“Presenciamos hoje a fragmentação de saberes e dificuldades na prática assistencial, além da utilização excessiva de propagandas, por vezes equivocadas. Precisamos reforçar a importância do entendimento de que todo o avanço deve ser colocado a serviço do paciente”, conclui

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